domingo, 29 de junho de 2014

Quando os democratas são contra a democracia

 

“Se Portugal hoje é uma Nação de rastos e incapaz de resistir à demência neoliberal que nos tomou a todos de assalto, é graças em grande parte à escumalha marxista que destruiu os alicerces económicos da soberania nacional logo durante o PREC.

Pessoas que não tinham a mínima noção de como um País se governa ou de como se gere uma economia, foram de um momento para o outro projectadas para o poder. Mercenários e traidores à Pátria que num outro qualquer País decente seriam presos ou fuzilados, não tardaram a apossar-se de cargos-chave essências ao funcionamento da Nação.”

Varela, Cravo e Canela

A Esquerda, em geral, utiliza hoje uma estratégia política similar à do partido republicano depois de 1890 (depois do Ultimato inglês) e até 1910; optou pela imbecilização da opinião. A imbecilização da opinião é feita por políticos — que se dizem democratas — que combatem a democracia em nome da democracia.

Por exemplo, em 1899 aconteceu um surto de peste negra na cidade do Porto, surto esse provocado pelo tráfego de navios do Oriente que traziam a doença. Depois de alguma hesitação, e para evitar a contaminação geral da doença, a cidade foi isolada e o comércio fechado.

O desemprego disparou na cidade; começou a fome; e o partido republicano dizia então que a culpa do surto da peste negra na cidade do Porto era do Rei Dom Carlos! Mas não se ficou por aqui! O republicano Afonso Costa declarou no parlamento1:

“Os cento e onze óbitos motivados pela epidemia [de peste negra] não valem os milhares de contos perdidos pelo comércio e pela indústria [da cidade do Porto], e os mil contos gastos com as medidas adoptadas”.

Colocar em uma mesma categoria de análise política a vida de seres humanos, por um lado, e o dinheiro gasto para a salvar ou para a proteger, por outro lado, é próprio de gente inqualificável eticamente — e foi esta gente que governou Portugal durante a I república e que ainda hoje são eminência parda do Poder que se esconde pelas lojas maçónicas do país.

E não é que a imbecilização da opinião deu resultado?! Nas eleições que se seguiram, o partido republicano conseguiu eleger, pela primeira vez, três deputados.

E se analisarmos o que se passou nos 16 anos da I república, não sabemos se rir ou chorar; mas podemos afirmar sem rebuço que foi vergonhosa! A I república foi uma vergonha nacional! Ao lermos a história da I república, temos a sensação de que estamos a ler uma obra de ficção — aquilo não pode ter sido real! — e uma tragicomédia que explora o absurdo até ao insuportável. Mas o absurdo da I república vem de quase todos os quadrantes da política portuguesa, incluindo algumas seitas de monárquicos: parecia que a política portuguesa se tinha transformado em um manicómio aberto ao público.

Nota
1. “História de Portugal”, José Hermano Saraiva, Volume VIII, Lisboa, 2004

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