sábado, 28 de dezembro de 2013

O valor crítico da hipérbole

 

“A ironia é a melhor das armas.” — G. K. Chesterton

Quando usamos a hipérbole como figura de retórica, tentamos assim sublinhar o valor da crítica. O exagero que caracteriza a hipérbole assume a função de uma redução ao absurdo de uma determinada tendência cultural, teoria ou doutrina.

Por exemplo, se eu digo que “qualquer dia vai ser obrigatório ser homossexual”, trata-se de um hipérbole irónica — de um exagero, porque é óbvio que se trata aqui de uma ironia. Mas essa hipérbole tem uma função crítica no sentido de alertar (através do exagero) para a propagação cultural do pensamento único e politicamente correcto. A hipérbole, exactamente porque é exagerada, alerta as pessoas para a irracionalização da cultura através de uma denúncia do absurdo.

O “Admirável Mundo Novo” de Huxley e o “1984” de Orwell são obras hiperbólicas — são hipérboles que reduzem ao absurdo a modernidade. Não pretendem prever o futuro: apenas constatam tendências da cultura moderna e reduzem essas tendências ao absurdo através da hipérbole (do exagero).

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