Olavo de Carvalho alterou completamente a ideia que eu tinha da cultura brasileira. E a ideia que eu tinha era a de que os grandes intelectuais brasileiros das décadas de 1920 a 1950 tinham desaparecido sem deixar rasto. Por exemplo, foi através dele (do Olavo de Carvalho) que eu conheci alguma coisa da obra de Mário Ferreira dos Santos que é totalmente desconhecida em Portugal.
Por aquilo que me foi dado observar (ninguém me contou: eu constatei factos), existe de facto um ódio, por parte de uma certa nomenklatura brasileira, em relação a Olavo de Carvalho. Esse ódio revela a impotência da irracionalidade: o ódio é uma emoção negativa, e as emoções — ao contrário das paixões — não são pensadas: são irracionais. Podemos mesmo falar de “Olavofobia”.
A Olavofobia, sendo a expressão inconsciente de uma emoção negativa, explica que ela se apresente na maior das desordens argumentativas e associando-se sistematicamente de forma contraditória. Sartre tinha alguma razão quando concebeu a emoção como uma atitude mágica que consiste numa reacção de autodefesa contra o mundo; e, para uma certa “elite” brasileira, a Olavofobia é uma reacção de autodefesa contra Olavo de Carvalho que representa, de uma certa maneira, o contraditório ideológico de um pensamento único que se instalou no Brasil.
O problema dos “olavófobos” é o de que é muito difícil refutar Olavo de Carvalho. E, por isso, é mais fácil utilizar o ataque ad Hominem e o apelo à galeria — talvez porque Olavo de Carvalho tem uma característica que não é comum no Brasil: é frontal. O culto da frontalidade não é propriamente uma qualidade brasileira endógena, pelo menos nas grandes cidades que determinam a cultura oficial brasileira.
Aqui, em Portugal, Olavo de Carvalho não é tão conhecido como no Brasil, como é normal; mas, as pessoas que o conhecem, apreciam o pensamento dele. É pena que os livros dele não tenham sido ainda publicados aqui.