Olavo de Carvalho e Aleksandr Dugin

 

As críticas de Olavo de Carvalho às ideias de Aleksandr Dugin não são propriamente uma defesa dos Estados Unidos, mas antes são uma defesa do Brasil. A maior parte das pessoas ainda não percebeu isto. Aleksandr Dugin apenas “apanhou por tabela”.

O Brasil foi erigido politicamente segundo duas premissas fundamentais que são contraditórias: a emulação (cópia) do sistema federal administrativo americano (com tudo o que isso implica, a nível da tradição do país, cultura, prática política, concepção do mundo, liberdade religiosa, etc.), por um lado, e por outro lado, o Positivismo de Augusto Comte, que se justapôs como ideologia oficial à tradição federal (emulada dos Estados Unidos) que o Brasil pretendia construir.

Ora, o Positivismo não resistiu à crítica racional. O próprio Olavo de Carvalho rejeitou o Positivismo. Restou então a tradição federalista brasileira, de que os Estados Unidos são um exemplo constituinte. Se retirarmos ao Brasil esta tradição federalista “copiada” dos Estados Unidos, não resta ao Brasil quase nada — porque as elites políticas do Brasil sempre recusaram a adopção de qualquer tradição que venha do tempo anterior à independência, incluindo a tradição da língua portuguesa.

Quando Olavo de Carvalho defende a ligação entre o Brasil e os Estados Unidos, está a ser tradicionalista estritamente de uma forma brasileira — o que não significa que ele apoie Obama, ou que seja pela maçonaria contra a Igreja Católica, etc., e conforme os ignaros dizem por aí. O apoio de Olavo de Carvalho aos Estados Unidos é formal no sentido em que a forma desse apoio fundamenta a essência da tradição política brasileira — porque o fundamento da organização política e administrativa dos Estados Unidos está na base da tradição política do Brasil.

Se Olavo de Carvalho não defendesse os elementos políticos fundadores dos Estados Unidos não seria um tradicionalista brasileiro. Se eu fosse tradicionalista brasileiro não faria coisa diferente.