sábado, 15 de fevereiro de 2014

Sobre o referendo anti-imigração da Suíça

 

1/ os referendos são mecanismos legítimos de aferição da vontade popular, e os resultados dos referendos devem ser respeitados. Embora não seja verdadeiro o conceito de Vox Populi Vox Dei — porque o povo também se engana —, a verdade é que podemos verificar, ao longo da História, que o povo, ainda assim, engana-se menos do que a elite.

2/ não é racional que a elite política da União Europeia critique o referendo suíço entendido em si mesmo, porque se existe alguém que pouco mais tem feito do que asneiras na política, é a própria elite política da União Europeia. Confundir alhos com bugalhos é próprio de estúpidos ou de demagogos.

referendo suiço3/ pelo facto de eu estar de acordo com a legitimidade democrática da instituição do referendo (neste caso, do referendo suíço), e pelo facto de eu respeitar o resultado do referendo suíço que restringe a imigração de países da União Europeia — isso não significa que eu esteja de acordo com o resultado do dito referendo. Uma coisa é o referendo, entendido enquanto tal; ou coisa, bem diferente, são os resultados dos muitos referendos que a Suíça já efectuou, em relação aos quais podemos ou não estar de acordo.

4/ a Suíça restringe a imigração de países da União Europeia porque esta tem uma política de abertura à imigração quase sem restrições de gente que vem de fora da União Europeia. Ou seja, a Suíça passaria a importar imigrantes de fora da União Europeia por intermédio da permissividade das leis da União Europeia no que diz respeito à imigração. Isto significa que o resultado do recente referendo suíço é também uma consequência da própria permissividade da União Europeia em matéria de imigração.

5/ a Suíça depende muito mais da União Europeia do que a União Europeia depende da Suíça — não só a nível económico e financeiro, mas também a outros níveis. Portanto, é de supôr que o resultado do recente referendo pode ser prejudicial à Suíça. Mas enquanto o povo suíço não decidir de outra forma através de um outro referendo proposto por um movimento de cidadãos, a decisão do povo suíço deve ser respeitada, mesmo que sejamos da opinião de que está errada.

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