Quando a revolução industrial se manifestou patente e em crescendo em Inglaterra (foi lá que “surgiu”), era necessária mão-de-obra intensiva e barata nos grandes centros urbanos. E o que fez o parlamento inglês? Aboliu a lei dos baldios.
Durante séculos (pelo menos desde o reinado de Henrique VIII), os baldios, que por definição não têm dono certo, foram o sustento de muitas centenas de milhares de ingleses que viviam da terra na Inglaterra rural 1. Com a abolição da lei dos baldios, não só esses baldios foram entregues pelo parlamento inglês aos grandes senhores latifundiários (leia-se, nobreza), como provocou uma migração em massa das populações rurais de Inglaterra para as cidades, onde poderiam encontrar trabalho barato e precário nas fábricas e nas minas.
Portanto, vemos como o parlamento inglês resolveu o “problema” da necessidade de mão-de-obra para alimentar a revolução industrial.
Os subúrbios das cidades cresceram a um ritmo tal que se transformaram em ambientes pestilentos, sem condições mínimas de habitabilidade, onde grassavam as doenças que não existiam anteriormente na Inglaterra dos baldios. O nível de vida de muitas centenas de milhares de ingleses regrediu de uma forma real.
Quando o blasfemo de serviço diz que “a revolução industrial veio melhorar a vida do povo” (neste caso, do povo inglês), trata-se de um sofisma. Não foi por acaso que Karl Marx escolheu a Inglaterra para viver e para escrever o “Manifesto” e “O Capital”.
O século XIX foi medonho: os camponeses, forçados a migrar para as cidades e para as minas, sofreram uma regressão da sua qualidade de vida quando comparada com a que tinham no século XVIII. Aconselho o blasfemo a ler o livro de Émile Zola, “Germinal”, que conta a história da greve dos mineiros do norte de França em 1860. Um pouco de leitura não faz mal a ninguém.
A melhoria do nível de vida dos operários só começou com o exemplo de Henry Ford, nos Estados Unidos, e já no princípio do século XX. A verdade é que a revolução industrial foi, para milhões de pessoas em toda a Europa, um retrocesso de qualidade de vida em relação à vida rural do século XVIII. Quem melhorou a vidinha, com a revolução industrial, foi a burguesia minoritária.
Só no século XX é que a grande burguesia compreendeu que os antros fedorentos suburbanos alimentavam a revolução marxista que se iniciou na Rússia; e foram concedendo uma melhoria das condições de vida dos operários.
Nota
1. fonte: “História da Filosofia Ocidental”, de Bertrand Russell.
O Blasfémias é o típico exemplo da direita do copinho de leite que temos em Portugal.
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http://www.historiamaximus.blogspot.pt/2014/05/um-texto-desonesto-no-blasfemias.html