Escreve a Raquel Varela que “todas as revoluções são impossíveis até se tornarem inevitáveis”. Pois eu digo, por exemplo, que se o partido republicano tivesse sido decapitado (literalmente), até poderia ter havido uma revolução jacobina e maçónica em Portugal, mas a História teria sido necessariamente diferente.
Não era “inevitável” que o almirante Ferreira do Amaral, chefe do governo depois do assassínio do Rei Dom Carlos, tivesse não só libertado presos de crime comum mas ditos “presos políticos” (bombistas da Carbonária, incitadores à violência do partido republicano), mas também tivesse cancelado as investigações policiais acerca das responsabilidades criminais no regicídio — o mesmo Ferreira do Amaral que depois do golpe-de-estado de 1910 se declarou imediatamente “republicano”.
Se depois do regicídio, e em vez do Ferreira do Amaral, tivéssemos tido um “homem com tomates” no governo de 1908, Afonso Costa e mais alguns da sua entourage teriam sido fuzilados. Cortava-se o mal pela raiz; ele (o mal) até poderia ressurgir com outras personagens, mas já não seria a mesma coisa. E enquanto as possibilidades estão em aberto, são iguais para ambos os lados da contenda.
A “revolução” depende daquilo que pensemos que ela seja. A “revolução” da Raquel Varela não é necessariamente a minha — o que não significa que o conceito de “revolução” da Raquel Varela seja o único. “Revolução” é o que o homem quiser. A “revolução” é como a “esperança”: é uma puta porque é de todos.
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