sábado, 28 de junho de 2014

O Padre Gonçalo Portocarrero de Almada e o branqueamento das acções erráticas do "papa Francisco"

 

O Padre Gonçalo Portocarrero de Almada escreveu aqui um texto, acerca do movimento francês Manif Pour Tous, que poderia ter sido um texto notável não fossem algumas incongruências lógicas. Dou um exemplo: escreve o Padre:

“[Os jovens] Não criticam o Papa, nem o magistério da Igreja, mas saem à rua para fazerem frente aos que querem equiparar ao casamento natural as uniões de pessoas do mesmo sexo. Sem necessidade de nenhuma filiação partidária, estão dispostos a lutar pela vida e pela família. Basta-lhes a consciência cristã dos seus direitos e deveres políticos, como cidadãos que são de pleno direito. São tradicionais, sem serem tradicionalistas. E são devotos, sem serem beatos.”

Mas não foi o "papa Francisco" que disse que “os católicos andam obcecados” com o "casamento" gay?!!! Ou eu não sei ler, ou o "papa Francisco" disse também que os católicos andam obcecados com o aborto.

E ¿o que faz o Padre Gonçalo Portocarrero de Almada? Diz que o facto de os jovens franceses em causa saírem à rua para defender o casamento natural não é uma crítica ao "papa Francisco". Ele (o Padre) diz, mas nós também temos cabeça para pensar.

Por outro lado, o Padre esquece-se que o movimento "Manif Pour Tous" abrange muita gente de outras religiões — por exemplo, muçulmanos e judeus — , agnósticos e até ateus! (por exemplo, a ex-ministra francesa Simone Veil). Portanto, o movimento "Manif Pour Tous" não é um fenómeno exclusivamente católico.

Outra contradição lógica do Padre é afirmar que se “pode ser tradicional sem ser tradicionalista” — como se fosse possível defender a tradição sem defender a tradição; como se fosse possível ser, mas não sendo. O Padre Gonçalo Portocarrero de Almada acaba de anular simultaneamente o princípio da identidade e o princípio da não-contradição — ou seja, parece que temos um Padre católico que é budista: em vez da assunção do princípio do terceiro excluído, temos a possibilidade budista de uma “quarta hipótese”.

“Estes novos católicos são indiferentes às típicas polémicas pseudo-católicas: a ordenação sacerdotal de mulheres, a eterna questão dos padres casados, etc. Não se interessam pelas problemáticas pós-conciliares, para usar o estafado termo, em que, com o propósito de dialogar com o mundo, se enredam muitas estruturas eclesiais.”

O que o Padre diz é absolutamente falso: o Padre mente, consciente ou inconscientemente. Tem que ir à confissão.

Quem ler os blogues dos jovens católicos do movimento "Manif Pour Tous" verificará que o Padre mente. Até blogues de jovens católicas criticam a “novidade” do sacerdócio de mulheres; aconselho o Padre a informar-se e a seguir um dos principais blogues católicos do movimento "Manif Pour Tous". Nesses blogues, como acontece aliás com a maioria dos católicos, a crítica ao "papa Francisco" é velada, ou seja, não é explícita mas antes implícita.

Nem toda a gente critica o "papa Francisco" do modo que eu critico, mas a crítica não deixa de o ser por ser feita de uma outra forma.

“E têm sacerdotes jovens, convictos na fé, piedosos e alegres, que não problematizam a moral nem discutem o dogma, mas ensinam a fé; que não são ‘animadores’, nem assistentes sociais, mas formadores das consciências e servidores da comunhão eclesial.”

Ora aqui temos a falácia lógica ad Novitatem! O que é novo é que é bom! Temos um Padre “Prá Frentex”!

Ora, quem é o primeiro a colocar em causa o dogma é o próprio "papa Francisco" que o Padre não gosta que se critique — por exemplo, a defesa intransigente e clara da vida humana pode ser considerada (nos dias que correm) dogmática e, por isso, é incompatível com a acusação papal de “obsessão acerca do aborto” por parte dos católicos.

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