“Imbecis com diplomas de neuro-ciências acreditam, seriamente, que podem explicar todas as percepções pela constituição do cérebro. Isso só prova que não sabem o que é uma ‘percepção’.
Se as percepções pudessem ser explicadas pela fisiologia cerebral, não precisaria haver objectos.”
→ Olavo de Carvalho (via FaceBook)
A “percepção” não é “experiência” (no sentido empírico), nem “sensação”.
Quando eu digo: “Percebo um automóvel”, esse “perceber” não é necessária- e exactamente uma “experiência”, ou seja, não me estou a referir necessariamente a este ou aquele automóvel, nem tão pouco me refiro necessariamente a um conjunto de automóveis que passam, em um determinado momento, em uma rua da cidade. Portanto, “perceber” não é um experiência in loco; mas a "percepção" também não é uma “sensação”.
Eu percebo um automóvel de uma forma tal que eu sou capaz de o reconhecer instantaneamente, como um objecto determinado e distinto. Mas, na "percepção", a sensação é impregnada de sentimento (emoção) que mistura o objectivo e o subjectivo, o fisiológico e o psicológico, o real e a representação do objecto — neste caso, o automóvel.
Ademais, “perceber” é “antecipar” de uma forma racional, e por isso é que só o ser humano “percebe” — porque, como dizia S. Tomás de Aquino, o ser humano é único ser sobre a Terra que consegue conceber um objecto na sua ausência, através da representação desse objecto, e em relação ao qual as sensações corporais apenas lhe dão indícios fragmentários. Perceber é interpretar, e a interpretação é uma qualidade exclusivamente humana.
A “percepção” é uma relação cognitiva (uma relação de conhecimento) do sujeito em relação ao mundo (dos objectos). “Perceber” é fazer prova (em primeiro lugar, subjectiva, e depois intersubjectiva) da exterioridade; se “perceber” não fosse fazer prova (subjectiva e intersubjectiva) da exterioridade, o cérebro funcionaria sem necessidade do mundo dos objectos — o que seria um contra-senso.
O fluxo de sinais que aflui ao cérebro (cerca de 100 milhões de células sensoriais) não é portador de qualquer indicação de quaisquer propriedades para além destas células — a não ser o facto de estas células terem sido estimuladas em determinados pontos da superfície do corpo.
Portanto, ainda é preciso acrescentar “algo” aos dados sensoriais (à sensação) na nossa cabeça para que esses dados possam dar origem a uma “realidade”. Por isso é que os imbecis com diplomas de neuro-ciências que acreditam, seriamente, que podem explicar todas as percepções pela constituição do cérebro, são idiotas.
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