quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O “filósofo” Domingos Faria incorre no erro da Vulgata externalista

 

O primeiro erro de Domingos Faria é o de afirmar que, segundo a Igreja Católica, o acto sexual serve para procriar — quando a Igreja Católica diz que a procriação é o “fim último” do acto sexual, e não o “fim único”. E isto é tão verdade que a Igreja Católica aceita — sempre aceitou, desde o tempo de S. Paulo! — perfeitamente a contracepção através de métodos naturais.

Portanto, o primeiro sofisma do “filósofo” Domingos Faria está desmontado.

Um segundo erro de Domingos Faria é o de referir-se à filosofia natural de S. Tomás de Aquino (e da Igreja Católica) à luz de conceitos da actual sociobiologia. S. Tomás de Aquino fez a distinção clara entre o Homem e os outros animais. Domingos Faria reinterpreta S. Tomás de Aquino à luz da sociobiologia.

Portanto, Domingos Faria parte de pressupostos errados, e por isso todo o seu desenvolvimento ideológico está inquinado. Mesmo assim, vamos ver os seguintes argumentos dele.

A posição de Domingos Faria é externalista: diz ele — quando fala do “ser” e do “dever ser” — que pelo facto de uma pessoa ter uma obrigação moral para realizar um acto, essa obrigação não consiste, em si mesma, uma razão para realizar esse acto. Domingos Faria considera que as razões para considerar uma coisa como boa não são razões para escolher essa coisa.

Ora, não é porque uma coisa é desejada e/ou desejável que ela é boa! Podemos desejar uma coisa má. O desejo em si mesmo não define a bondade da coisa, mas antes é a bondade da coisa que pode determinar o desejo (em uma mente bem formada) que, no limite, se orienta para um “fim último” (e não um “fim único”, como pretende dizer Domingos Faria).

Portanto, Domingos Faria está errado: quando decidimos sobre o que queremos fazer, a nossa vontade (desejo) discricionária e arbitrária não faz parte das razões para agir. Foi isto que S. Tomás de Aquino quis dizer — antes que Domingos Faria metesse conceitos científicos modernos de permeio com a ética.

zoofiliaPor fim, em uma contradição inaceitável em um “filósofo” (porque ele valorizou a força do desejo anteriormente), Domingos Faria passa a desvalorizar o desejo (que é uma componente psicológica do ser humano) quando compara (ou coloca em um mesmo plano de análise) o uso do pénis, por exemplo, com o uso dos pés para chutar uma bola.

Segundo o “raciocínio” do “filósofo” Domingos Faria, o sexo com animais, por exemplo, pode ser legítima-, ética- e racionalmente defensável — porque o factor psicológico do desejo é por ele (por Domingos Faria) desvalorizado, e o uso dos órgãos sexuais é reduzido a uma qualquer função mecânica de um outro órgão qualquer do corpo, como por exemplo um pé que chuta uma bola.

Nós desejamos jogar futebol; o chuto na bola não é uma causa, mas antes é um efeito do desejo de jogar futebol.

Portanto, é a bondade do desejo que devemos analisar, e as consequências do desejo podem ser melhores ou piores, mais ou menos positivas — porque desde Sócrates que sabemos que ninguém faz o mal pelo mal: as pessoas querem sempre um qualquer bem, nem que seja o seu bem exclusivo e egoísta, que não deixa de ser um bem, embora um bem menor que não tem em conta o “fim último” defendido pela Igreja Católica.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.