segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O Frei Bento Domingues e o culto de personalidade do papa Bergoglio

 

Quando comecei a ver a reacção apologista dos me®dia em relação ao comportamento do recém-eleito "papa Francisco", escrevi aqui que o cardeal Bergoglio seria canonizado em vida pelos seus acólitos. E o Frei Bento Domingues dá-me razão na sua última crónica no jornal Púbico.

“Dedicou uma das homilias a uma das suas convicções fundamentais: sem profecia, cai-se no clericalismo. O profeta é o homem de olhar penetrante que escuta a Palavra de Deus. Nem sempre é bem recebido. O próprio Jesus diz aos fariseus que os seus pais mataram os profetas, porque estes diziam coisas desagradáveis, coisas que os molestavam.”

francis-insane2_med1/ A perversão ideológica do Frei Bento Domingues é inimaginável, à  primeira vista. A sua (dele) capacidade de subversão do sentido das palavras e dos conceitos esconde algumas verdades e revela falsidades. Por exemplo, é verdade que o papa Bergoglio tem uma aversão aos clérigos que raia o ódio; mas ficamos sem saber como pode haver uma Igreja Católica sem apóstolos.

A comparação entre Jesus Cristo e o papa Bergoglio, explícita naquele trecho supracitado, revela a intenção da canonização do homem em vida. Alegadamente, o papa Bergoglio é “o homem de olhar penetrante que escuta a Palavra de Deus”; é o profeta — ao passo que os clérigos andam todos surdos e cegos (alegadamente, parece que o papa Bergoglio não é clérigo!).

O panegírico levado a esta dimensão absurda revela a intenção de criação artificial de um culto de personalidade. Mas ¿por quê?! ¿Por que razão se pretende canonizar o papa Bergoglio ainda vivo? A resposta é política, e nada tem a ver com a religião.

O Papa João Paulo II afirmou-se por si próprio, pela sua coerência e clareza de comunicação. O papa Bergoglio necessita do discurso laudatório dos me®dia e da encomiástica dos Freis Bentos Domingues — porque este papa não tem planta nenhuma! Sem a muleta do mundo e dos seus acólitos gnósticos, passaria despercebido aos católicos.

Jesus Cristo não precisou da muleta do mundo; pelo contrário, criticou o mundo. Criticou os fariseus, mas também criticou os saduceus da estirpe do Frei Bento Domingues. Frei Bento Domingues é o exemplo de um saduceu moderno, e o papa Bergoglio é o seu chefe.

2/ Se há papa autocrático no último século, é o papa Bergoglio; deveria seguir o exemplo da humildade do Papa Bento XVI, mas prefere o culto narcísico da sua própria personalidade débil e do seu carácter ambíguo. Por detrás da temeridade do papa Bergoglio repousa um homem iracundo disfarçado de profeta. “Cuidado com os falsos profetas!”. Não devemos confundir temeridade com coragem: a coragem requer sempre a prudência que o papa Bergoglio não tem.


“O que irrita, nos discursos, nas tomadas de posição, nas atitudes e gestos de Bergoglio, é a dificuldade em o classificar sob ponto de vista de um agrupamento ideológico ou partidário e de o arrumar numa corrente espiritual exclusivista.”

3/ Através do conceito ambíguo de “exclusivismo”, o Frei Bento Domingues está nas suas sete quintas na pregação do niilismo anti-católico. E não tem pejo em estender esse niilismo ao papa Bergoglio.

Em lógica, “exclusão” designa a relação de duas classes, ou de dois conjuntos, que não tem nenhum elemento em comum. Segue-se que é absurdo falar em “exclusivismo” nas religiões universais em geral, e muito menos nos monoteísmos — porque há sempre um qualquer elemento em comum entre elas!. O Frei Bento Domingues utiliza a falácia do espantalho.

O que o Frei Bento Domingues pretende, com a utilização do termo “exclusivismo”, é fazer a crítica (própria da Teologia da Libertação e do marxismo cultural) da “merda da cultura ocidental”! — que inclui a Igreja Católica e a sua História. Honra lhe seja feita: os inimigos da Igreja Católica tornam-se seus amigos.

“Divulga-se que o Papa desconhece as regras do funcionamento da economia, ignorando que é a própria distribuição desigual da riqueza que se converte no motor do avanço económico e da civilização. O mais urgente, dizem, é desmantelar o Estado Social, erradicar a conversa sobre o amor preferencial pelos pobres e ver o mundo a partir dos que têm sucesso. A mentalidade católica, sobre o enriquecimento, continua a ser a fonte da pobreza dos países do Sul.”

francisco-ambiguo4/ Mais uma vez, o Frei Bento Domingues utiliza conceitos abstractos, como por exemplo o de “Estado Social”. Vale a pena descer à terra e tentar saber o que se pretende dizer com Estado Social.

¿Será que, para o Frei Bento Domingues, o Estado Social é (também) o Estado pagar os abortos à custa dos meus impostos — tornando-me cúmplice de um holocausto silencioso e em massa? Parece que sim. Pelo menos, eu nunca vi nada escrito pelo Frei Bento Domingues contra o aborto; e o seu guru (o cardeal Bergoglio) chegou a dizer em público que “os católicos andam obcecados com o aborto”! É desta estirpe de indivíduos, que tomaram de assalto a Igreja Católica, que estamos a falar.

A ligeireza com que o Frei Bento Domingues fala em Estado Social brada aos céus!

Recordemos as palavras de Kant em relação ao Estado Social do Camaralismo alemão ou Wohlfahrtsstaat:

“Um governo que fosse fundado sobre o princípio da benevolência para com o povo — tal o do pai para com os seus filhos, quer dizer, um governo paternal —, onde, por consequência, os sujeitos, tais filhos menores, incapazes de decidir acerca do que lhes é verdadeiramente útil ou nocivo, são obrigados a comportar-se de um modo unicamente passivo, a fim de esperar, apenas do juízo do chefe do Estado, a maneira como devem ser felizes, e unicamente da sua bondade que ele o queira igualmente — um tal governo, digo, é o maior despotismo que se pode conceber.”

Parece que o Frei Bento Domingues teria muito a aprender com Kant. Ou então, é esse despotismo descrito pelo jansenista que o Frei Bento Domingues deseja.

Se o Estado Social é “o maior despotismo que se pode conceber”, nenhum católico o deveria apoiar.

Se o Estado Social é uma rede de solidariedade que concilia os mecanismos de distribuição do Estado com as acções de solidariedade privadas (de instituições da sociedade civil), então qualquer católico (incluindo o Frei Bento Domingues) deveria estar de acordo com essa noção.

O que separa de facto o Frei Bento Domingues dos católicos em geral é a política. Ele transformou o cristianismo em uma religião política.


Ficheiro PDF do artigo do FBD

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