domingo, 7 de dezembro de 2014

O João Miranda defende uma igualdade cínica

 

O João Miranda tem, em relação à igualdade, uma relação esquizofrénica: normalmente acha que as pessoas não são todas iguais — e eu concordo! —, mas por vezes defende a ideia marxista de igualdade de meios e condições de existência.

“O governo introduziu um quociente familiar para determinação do rendimento colectável no calculo do IRS. Se bem percebi o rendimento de um casal passa a dividir por 2+0.3N em que N é o número de filhos. Num sistema de impostos progressivos, o resultado desta alteração é o aumento de transferências de quem não tem filhos para quem os tem. O que implica um agravamento das perversões causadas pela progressividade.”

mijando no copoOu seja, o governo de Passos Coelho — honra lhe seja feita! — passou a considerar que uma criança, que é um ser humano, vale 30% do valor de um adulto. E o João Miranda acha que é muito, que uma criança inserida no contexto familiar deveria valer zero em matéria de impostos.

Ou seja, o João Miranda considera que quando o governo atribui o valor de 30% de humanidade a uma criança está a conceder um privilégio à sua família — e não um direito.

Para o João Miranda, a igualdade perante a lei exigiria que a criança valesse zero em termos de dedução nos impostos. O conceito de “igualdade liberal” já é, neste caso, inconveniente para o João Miranda — porque a igualdade de direitos, segundo o liberalismo, não significa que todos tenham o mesmo poder ou as mesmas características, mas antes que têm uma dignidade igual. E retirar qualquer valor a uma criança é retirar a dignidade a um ser humano, independentemente de este pode pagar impostos, ou não.

O conceito de “igualdade” do João Miranda parece-me mais do tipo marxista, embora virado do avesso. Há ali um marxista apóstata!. É uma igualdade social ou de condições, uma espécie de igualitarismo marxista enviesado e do reviralho.

Ainda vou ver o João Miranda defender a eutanásia para os outros — porque, para ele, nunca!: pimenta no cu dos outros é chupa-chupa! — em nome da necessidade de limitar as transferências de fundos públicos de uns para outros.

Ou, como dizia o poeta Óscar Wilde: “O cínico é aquele que conhece o preço de tudo, mas não sabe o valor de nada”.