quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O nominalismo e o delírio

 

nominalismo

O nominalismo é uma teoria segunda a qual “nada há de universal no mundo para além das denominações, porque as coisas nomeadas são todas individuais e singulares”. O nominalismo nega a existência dos géneros e das espécies que, alegadamente, não existiriam senão em nome.

Ou seja, o nominalismo defende a ideia segundo a qual as coisas ou objectos da experiência não têm realidade intrínseca fora da linguagem que as descreve. Se eu quiser afirmar que “uma baleia é um cão”, esta minha afirmação é legítima — segundo o nominalismo — porque os dois objectos (a baleia e o cão) não têm realidade intrínseca fora da linguagem que utilizemos. Por isso, para o nominalismo, uma baleia pode perfeitamente ser um cão.

O nominalismo está mais próximo do idealismo moderno (Fichte, Hegel, etc.) do que do racionalismo kantiano, e opõe-se totalmente ao platonismo. Outra característica do nominalismo é a de que tem uma grande dificuldade em reconhecer a noção de juízo universal — o que é uma das características do politicamente correcto.

O politicamente correcto é a expressão máxima possível do nominalismo: a verdade, entendida em si mesma, não existe: a verdade é criada pelo ser humano ao sabor das modas de cada tempo. Para o nominalismo só existem “situações particulares”, e por isso não existe nem bem nem mal, não existe ordem, não existe civilização, não existe natureza humana, nem verdade universal: apenas existe a “necessidade” de alguma coisa.

A realidade concreta não só não existe, como é produto de pura convenção. A realidade inteira é reduzida a uma “construção” arbitrária humana; as ideias não têm qualquer carácter durável e universal: o nominalismo recusa aceitar a intersubjectividade que subjaz ao universal, e reduz todo e qualquer aspecto da realidade a um qualquer signo convencionado (a um nome) que pode ter outro nome diferente já amanhã.

A realidade é vista de uma forma fragmentada, mas essa fragmentação da realidade é intencional — não decorre da natural dificuldade da definição de “realidade”. Aliás, o nominalismo detesta definições; a pior coisa que se pode fazer em relação ao nominalismo é definir o que quer que seja. Não existe “natureza humana” enquanto tal; não existem instituições sociais; não existe ordem política no sentido intersubjectivo e universal; a política está atomizada: o ser humano é um átomo. Não existe verdade política, mas apenas uma corrente da História que não é outra coisa senão “a modificação constante da natureza humana”.

Quando vemos aquela notícia em epígrafe, temos um resumo do nominalismo. Uma imagem vale mais do que mil palavras.

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