quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O retorno a Engels, o liberalismo político, o mimetismo cultural, o Imbecil Colectivo, e a Espiral do Silêncio

 

 

“When the story of our era is written, it is the cultural battle that will count. Capitalism and democracy may be the wave of the future, but the struggle to shape democratic society is anything but settled. The family is at the heart of that struggle.”

Stanley Kurtz


Caiu o muro de Berlim, mas Engels e Marx apenas mudaram de discurso. Sobretudo Engels. Engels viveu obcecado com a família. Pensava que a destruição da família natural ou família nuclear seria o fundamento de uma sociedade em que igualdade e identidade seriam coincidentes.

A experiência demonstrou que Engels estava errado. A queda estrondosa do muro, por um lado, e por outro  lado a actual Rússia que protege a família nuclear, são a prova de que Engels estava errado. Está demonstrado — até pelos estruturalistas, como Claude Lévi-Strauss — que a constituição da família nuclear foi um avanço civilizacional.

João César das Neves escreve um artigo no D.N.:

“A imprensa parece inebriada com a homossexualidade. Este fascínio ressurgiu agora nas discussões sobre adopção por casais do mesmo sexo: a generalidade dos jornalistas assumiu implicitamente apenas uma possibilidade válida, desprezando as alternativas como obscurantismo, numa promoção aberta da sodomia. O totalitarismo opinativo é tão esmagador que afirmar isto fica perigoso, mas o clima pontual de exaltação da liberdade de expressão talvez permita considerar o tema.
(…)
Depois, o deslumbramento gera contradições evidentes. Quem defende, de forma tão absoluta, estas mudanças fá-lo sempre a partir de uma posição liberal face à família. Ora a generalidade desses activistas e jornalistas têm atitude radicalmente oposta nos outros assuntos sociais, usando o adjectivo "neoliberal" só como insulto.”

O inverno liberal


Existem várias razões para este fenómeno:

1/ o totalitarismo homossexualista aliado ao totalitarismo marxista e segundo a teoria da família de Engels.

Aqui, convém recordar Edgar Morin:

« (...) a lógica do liberalismo político leva-o a tolerar ideias ou movimentos que têm como finalidade destruí-lo. A partir daí, perante a ameaça, o liberalismo está condenado, quer a tornar-se autoritário, isto é, a negar-se ― provisória ou duradouramente ― a si mesmo, quer a ceder o lugar à força totalitária colocada no poder por meio de eleições legais (Alemanha, 1933) »

2/ o mimetismo cultural e o politicamente correcto.

Aqui, recordemos Theodore Dalrymple:

“O politicamente correcto é propaganda comunista em pequena escala. Nos meus estudos acerca das sociedades comunistas, cheguei à  conclusão que o propósito da propaganda comunista não era o de persuadir ou convencer, nem sequer informar, mas era o de humilhar; e, por isso, quanto menos ela (a propaganda) corresponder à  realidade, melhor serve o seu propósito de humilhar.


Quando uma pessoa é obrigada  permanecer em silêncio quando lhe dizem as mentiras mais óbvias e evidentes, ou ainda pior quando ela própria é obrigada a repetir as mentiras que lhe dizem, ela perde, de uma vez por todas, o seu senso de probidade.


O assentimento de uma pessoa em relação a mentiras óbvias significa cooperar com o mal e, em pequeno grau, essa pessoa personifica o próprio mal. A sua capacidade de resistir a qualquer situação fica, por isso, corrompida, e mesmo destruída. Uma sociedade de mentirosos emasculados é fácil de controlar. Penso que se analisarem o politicamente correcto, este tem o mesmo efeito e propósito.”

3/ o Imbecil Colectivo.

Aqui, convém recordar Olavo de Carvalho:

“O 'imbecil colectivo' é uma comunidade de pessoas de inteligência normal ou superior que se reúnem com o propósito de imbecilizar-se umas às outras”.

4/ a Espiral do Silêncio.

Aqui, convém recordar a  filósofa política alemã Elisabeth Noelle-Neumann:

O termo “espiral do silêncio” foi cunhado pela filósofa política alemã Elisabeth Noelle-Neumann para explicar a razão pela qual as pessoas tendem a permanecer silenciosas quando têm a sensação — muitas vezes falsa! — de que a suas opiniões e mundividências estão em minoria. O modelo do conceito de "espiral do silêncio" baseia-se em três premissas:

1/ As pessoas têm uma intuição ou um sexto-sentido que lhes permite saber qual a tendência da opinião pública, mesmo sem ter acesso a sondagens;

2/ As pessoas têm medo de serem isoladas socialmente ou ostracizadas, e sabem qual o tipo de comportamento que poderá contribuir para esse isolamento social;

3/ As pessoas apresentam reticências ou até medo em expressar as suas opiniões minoritárias, por terem receio de sofrer o isolamento da sociedade ou do círculo social próximo.

Quanto mais uma pessoa acredita que a sua opinião sobre um determinado assunto está mais próxima da opinião pública julgada maioritária, maior probabilidade existe que essa pessoa expresse a sua opinião em público. Então, e se a opinião pública entretanto mudar, essa pessoa reconhecerá que a sua opinião não coincide já com a opinião da maioria, e por isso terá menos vontade de a expressar publicamente. E à medida em que a distância entre a opinião dessa pessoa e a opinião pública aumenta, aumenta a probabilidade de essa pessoa se calar e de se auto-censurar.

Os meios de comunicação social são um factor essencial de estabelecimento da “espiral do silêncio”, na medida em que formatam a opinião pública. Perante uma opinião pública formatada, as pessoas que não concordam com a mundividência politicamente correcta, emanada da comunicação social, entram em “espiral do silêncio” — muitas vezes constituindo uma “maioria silenciosa”.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.