sábado, 2 de maio de 2015

A Escolástica da União Europeia


O José Pacheco Pereira parece um radical de direita. Digo isto com certa ironia porque, hoje, quem pensa “fora do penico” é imediatamente apodado de “extremista”.

IV-reich-webEu próprio tenho sido aqui acusado de “extremista”. Como diz Olavo de Carvalho: “Chamar um adversário de "extremista" não refuta o que ele disse. É expediente de vigarista”. E de facto é difícil refutar o que o José Pacheco Pereira diz aqui.

Na actual União Europeia, qualquer tese política heterodoxa é imediatamente condenada; vivemos em uma espécie de Escolástica, entendida no pior sentido: as teorias são passadas a pente fino, e qualquer dissensão do politicamente correcto é imediatamente considerado heresia. A União Europeia vive em uma “Idade Média actual”.

G. K. Chesterton dizia (cito de cor) que “quando virmos os socialistas, liberais e conservadores concordarem todos com um determinado tipo de política, tenhamos então cuidado com as nossas carteiras”. Este unanimismo em relação à União Europeia e ao Euro vai-se reflectir nas nossas carteiras.

Ou a União Europeia se reforma e se democratiza, e a filosofia económica que preside ao Euro é alterada, ou então esta União Europeia está condenada a dar o “peido-mestre”, mais cedo que tarde. Não tenhamos dúvida disto.

Porém, o José Pacheco Pereira acaba por cometer um erro crasso (no ponto 7), quando situa o problema da União Europeia na dicotomia esquerda/direita. O problema é o de um princípio geral que é violado, e não o de uma dicotomia ideológica de qualquer índole. Estamos no domínio dos princípios, e não no domínio de uma qualquer ideologia ou conjunto de ideologias. Por exemplo, o Tratado Orçamental ditado pela União Europeia é antidemocrático por definição, e viola um princípio inalienável do Estado de Direito. São os princípios que nos interessam preservar, e não fazer ressaltar ideologias. O José Pacheco Pereira, neste aspecto, esteve pior.

Mesmo que a “realidade” coincidisse totalmente com o neoliberalismo da escola de Chicago — o que seria absurdo! —, essa “realidade” não justificaria a alienação de princípios fundamentais do Estado de Direito.

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