Vivemos em uma sociedade a defende a ideia segundo a qual “a diversidade é essencial à felicidade”, mas impede de facto a diversidade.
Não se trata de um apanágio da direita ou da esquerda, mas de ambas: a esquerda, por uma questão de utopia, e a direita, por uma questão pragmática. Se juntarmos o pragmatismo económico da direita à utopia da esquerda obtemos um contra-senso.
As condições políticas da actualidade — com a esquerda e a direita que temos — favorecem o individualismo exacerbado; mas são instáveis. Instabilidade e individualismo ligam-se hoje, como aconteceu também na Grécia antiga e no Renascimento. Como sempre aconteceu na História, não é possível ter “sol na eira e chuva no nabal”. É necessário um sistema social estável, mas até hoje todos eles foram, até certo ponto, obstáculo à expressão do mérito individual.
¿Até que ponto podemos suportar o assassínio e a anarquia como os do Renascimento?
¿Como podemos suportar o actual holocausto do aborto em nome de uma alegada “autonomia da mulher”, e como podemos suportar a instabilidade anárquica que mina o futuro da nossa sociedade?
Não se encontrou a solução para este problema, e penso que nunca se encontrará. Temos que optar por uma coisa ou por outra.
Neste contexto, acho que este texto do Padre Gonçalo Portocarrero de Almada é auto-contraditório, ou no mínimo ambíguo. Ou pelo menos não pretende enfrentar “de caras” o politicamente correcto. O Padre parece optimista, enquanto sou céptico em relação à “evolução da natureza humana”.
Concordo com a ideia de que uma verdadeira dona-de-casa — vulgarmente conhecida por “mulher doméstica” — só o pode ser hoje plenamente se for instruída e culta e, por isso, estar consciente da sua importância. Quando uma pessoa se cultiva, deixa de obedecer facilmente aos mimetismos culturais, e a mulher não é excepção. Mas o que temos hoje não é instrução nem educação: é lobotomia cultural patrocinada tanto pela esquerda marxista como pela direita neoliberal, cada uma à sua maneira.
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