terça-feira, 23 de junho de 2015

O homem perfeito da Elisabete Rodrigues

 


“O Manuel e a Maria são estranhos. Quem o diz é a dona Antónia lá da rua. Ambos são metade homem e metade mulher, acusa ela.

A metade do Manuel que é homem interessa-se por mecânica. É ele que arranja o seu carro e, muitas vezes, desenrasca familiares e amigos mais próximos. Esse interesse conhece-se-lhe desde criança, quando passava horas a desmontar e montar os carros eléctricos que lhe ofereciam. Nessa mesma metade insere-se a sua obsessão pelo Glorioso, o Sport Lisboa e Benfica. Vai ao estádio sempre que há jogos num raio de 300 a 500 km de casa. Lê a Bola todos os dias, na sua versão em papel e digital. Nesta última vai acompanhando as contratações de última hora, as zangas e acusações entre treinadores e afins.”

Elisabete Rodrigues, “Qualquer coisa do género”

Salvo raras excepções, nenhum homem se interessa por mecânica (seguindo o exemplo da Elisabete Rodrigues) por puro passatempo; ou ele é mecânico de profissão, ou comprou uma grande máquina (um BMW, um SUV, um Ferrari, etc.) e, orgulhoso e vaidoso, tem que explicar aos amigos como funciona a máquina. A ideia segundo a qual  um homem interessa-se por mecânica da mesma forma que se interessa pelo Benfica só pode vir da mente de uma criatura delirante como é a Elisabete Rodrigues.

Ou é da minha vista, ou a Elisabete Rodrigues vai “embater muitas vezes contra a parede”, no que diz respeito a homens. Quando ela chegar à menopausa vai ter uma quilometragem tão extensa que vai precisar de um mecânico profissional para lhe fazer as revisões.

Parece que ela imagina um ideal de homem, e depois anda à procura dele. O Jô Soares descreve o homem ideal para a Elisabete Rodrigues:

O homem perfeito é lindo
Tem um pouco de mistério
É belo quando está rindo
E belo quando está sério

O homem perfeito é bom
Tem um jeito carinhoso
Quando fala em meigo tom
Causa arrepio gostoso

O homem perfeito é fino
É solicito, é fiel
Tem a graça de um menino
E é mais doce que o mel

O homem perfeito adora dar flores
Botões de rosa
A uma velha senhora
Ou uma jovem formosa

O homem perfeito tem a energia
Não se cansa, lava a louça
Cozinha, gosta muito de criança

O homem perfeito é sensível
A grande arte, gosta de dança e balé
Nunca há de magoar-te

Para encerrar a preceito
Esses versos que alinhei
Se existe um homem perfeito
Ele só pode ser gay.

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