segunda-feira, 6 de julho de 2015

A esperança esboroa-se perante tanta estupidez “monárquica”



Os monárquicos portugueses fazem lembrar as palavras de Afonso de Albuquerque, Vice-rei da Índia, na hora da sua morte: “Mal com os homens por amor d' El Rei, mal com El Rei por amor dos homens. O melhor é acabar...”

Vemos em baixo, na imagem, um membro da comunidade da “Monarquia Constitucional” no FaceBook a dar razão a um texto que provocaria apoteose nos membros da comunidade “Monarquia Tradicional” no mesmo FaceBook.

fora-com-dom-duarte

Mas, se seguirmos a lógica das coisas, Monarquia Constitucional e Monarquia Tradicional são incompatíveis — porque a Monarquia Tradicional segue as ideias de António Sardinha que foi republicano durante a monarquia e que passou a ser monárquico na república. A coerência e a consistência de António Sardinha diz tudo acerca do tipo de “Monarquia Tradicional” que se defende em Portugal — para além de o próprio D. Miguel, irmão de D. Pedro IV (D. Pedro I do Brasil), ter assinado, em 26 de Fevereiro de 1828 e sob palavra de honra, a Carta Constitucional, depois de já ter aceite a proposta do seu (dele) irmão para se casar com a filha de D. Pedro, D. Maria da Glória (para além da honra pútrida, o incesto permitido) e governar sob as leis liberais.

Se esta gente tivesse dois dedos de testa, nunca um adepto da Monarquia Constitucional subscreveria um texto que critica a Monarquia Constitucional; e nunca um adepto da Monarquia Tradicional pretenderia regredir ao Absolutismo Monárquico. Os “monárquicos” portugueses são revolucionários no pior sentido: no sentido histórico caracterizado pela pulverização política e ideológica iniciada pelo protestantismo no século XVI. Assim como a Esquerda se pulveriza em pequenos grupelhos, assim os “monárquicos” portugueses atomizam o movimento monárquico.

Depois de eu ter sido hostilizado e maltratado na comunidade “Monarquia Tradicional” no FaceBook, cliquei num botão e saí; e depois de verificar as incongruências da comunidade “Monarquia Constitucional” no mesmo FaceBook, voltei a clicar no botão. Perante tanta estupidez, há sempre um botão que nos ajuda.

¿Mas por quê tanta animosidade em relação a D. Duarte Pio?! Será por que ele vive no século XXI?

blog familia

Pior do que a utopia, é a ucronia: porque o utopista é um sonhador, a utopia é uma simples quimera ou a descrição concreta da organização de uma sociedade ideal — ao passo que a ucronia valida o contra-factual, o que é sinal de grave deficiência cognitiva.

2 comentários:

  1. É por estas e outras que eu não acredito que seja possível restaurar a monarquia em Portugal.

    O mais importante não é o tipo de regime ou a ideologia, mas fazer aquilo que está correcto e zelar para que o País possa chegar a bom porto.

    Algo impossível no actual regime, pois a "democracia" que temos é uma armadilha montada pelo internacionalismo apátrida e eu não tenho problemas nenhuns em dizer que rejeito a democracia tal como a temos hoje porque já há bastante tempo que percebi que se trata de uma charada que só serve para encher o cu à banca e ao grande capital.

    É por este mesmo motivo, por rejeitar a democracia dos partidos e atacar basicamente todas as ideologias, que eu sempre tive tantas quezílias por causa da política, algumas das quais que até envolveram paulada e já levei pontos no hospital devido a uma ferida que ganhei num combate com arruaceiros de rua de extrema-esquerda.

    Ficou-me a cicatriz de recordação que eu até considero como sendo uma "medalha" que ganhei por lutar contra alguma da pior escumalha que este País tem.

    Mas não é só com a extrema-esquerda. Também já tive a minha quota parte de conflitos com a direita e a extrema-direita. Precisamente pelo mesmo motivo, porque digo-lhes na cara que os seguidores de neoliberalismos, fascismos, nazismos e outros "ismos" estrangeiros, não servem os interesses de Portugal ou sequer da humanidade!

    Agora anda por aí uma nova corrente de direita chamada o "tradicionalismo", outra parvoíce, pois trata-se de mais um "ismo" e é irracional porque não se pode sujeitar uma sociedade inteira a viver de acordo com um determinado padrão de hipotética perfeição que existiu num determinado lugar e época.

    Qualquer regime que adopte o "tradicionalismo" como ideologia, não tardará a ficar reduzido a uma Coreia do Norte...

    O radical não sou eu, mas quem tem a cabeça contaminada por todo o veneno ideológico que anda por aí à solta.

    ResponderEliminar
    Respostas


    1. A monarquia em Portugal não só é possível como é o regime mais adequado a um pequeno país — não falando da mentalidade monárquica do povo português que não se perdeu apesar de um século de desmandos republicanos.

      Qual o modelo da monarquia para Portugal?

      Não pode ser o modelo britânico (ou sueco, ou dinamarquês, ou norueguês, etc.), porque o povo português nunca se adaptou ao parlamentarismo. Ainda hoje, o regime republicano não é parlamentarista, e por alguma razão será.

      O modelo a seguir em Portugal é do Liechtenstein. Não digo que seja exactamente a mesma coisa, mas será sempre uma adaptação do modelo do Liechtenstein que, diga-se, está muito próximo do modelo da monarquia de finais do século XIX.

      A ler: Sobre a defesa de uma “monarquia republicana”

      Eliminar

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.