segunda-feira, 6 de julho de 2015

O estado de negação dos americanófilos

 

Este texto de Olavo de Carvalho seria límpido e esclarecedor se pudesse explicar a acção dos maiores plutocratas do mundo — a maioria deles, americanos. Como o próprio Olavo de Carvalho escreveu no Twitter:

397-empresas-gayzismo

¿Como é que as 400 maiores empresas dos Estados Unidos apoiam as engenharias sociais em curso — gayzismo, abortismo, Ideologia de Género, etc., — e a culpa é da ex-URSS?!

Estou de acordo com vários aspectos do texto, por exemplo: existe um esforço político das elites mundiais na construção de uma ordem mundial que se baseia em um movimento político global anti-cristão.

Mas este movimento político globalista anti-cristão não é conduzido e liderado pelos herdeiros ideológicos do socialismo: os actuais socialistas apenas adoptam, por conveniência óbvia, a tendência política imposta pela plutocracia anglo-saxónica (neoliberalismo) que detém o poder real no mundo.



Existe uma diferença entre a dialéctica de Hegel e a dialéctica de Karl Marx. Na dialéctica de Hegel, a oposição entre os contrários é subsumida (assumida) na síntese (Aufhebung), o que significa que o passado não é destruído mas antes é incorporado na síntese — ao passo que, na dialéctica de Karl Marx, o passado é destruído. Portanto, parece-me que o conceito de dialéctica de Hegel, referido por Olavo de Carvalho no texto, não condiz com a realidade política actual que pretende destruir, de facto, um determinado status quo cultural no Ocidente.

Mas como é possível que a plutocracia internacional seja “marxista”?!

A resposta é a seguinte: o que se passa hoje tem menos a ver com marxismo do que com a tentativa de imposição, por parte do neoliberalismo, de um novo tipo de fascismo aplicado às nações, e que tem a China como paradigma. E vejamos o que diz Nicolás Gómez Dávila acerca da dialéctica:

A negação dialéctica não existe entre realidades, mas apenas entre definições. A síntese em que a relação se resolve não é um estado real, mas apenas verbal. O propósito do discurso move o processo dialéctico, e a sua arbitrariedade assegura o seu êxito.

Sendo possível, com efeito, definir qualquer coisa como contrária a outra coisa qualquer; sendo também possível abstrair um atributo qualquer de uma coisa para a opôr a outros atributos seus, ou a atributos igualmente abstractos de outra coisa; sendo possível, enfim, contrapôr, no tempo, toda a coisa a si mesma — a dialéctica é o mais engenhoso instrumento para extrair da realidade o esquema que tínhamos previamente escondido nela.”

É certo que a Rússia de Putin não é inocente nem virginal; mas o que não devemos fazer é tentar justificar a acção da plutocracia internacional utilizando, em pleno século XXI, o defunto comunismo soviético como bode expiatório. É certo que o marxismo não morreu, mas não devemos tentar branquear a acção de gente como George Soros ou Rockefeller, apenas porque são americanos, atirando a culpa toda para os russos.