domingo, 19 de julho de 2015

Anselmo Borges, o "papa Francisco", o sacrifício das vidas humanas no altar do dinheiro, e o aborto

 

O ex-padre  Anselmo Borges escreveu o seguinte, a propósito da recente viagem do "papa Francisco" a alguns países da América Latina:

« Aos empresários, políticos, economistas (o "papa Francisco") pediu para "não cederem ao modelo económico idólatra que precisa de sacrificar vidas humanas no altar do dinheiro e da rentabilidade".»

No entanto,  Anselmo Borges defendeu a legitimidade do aborto durante o referendo de 2007. Bem prega Frei Tomás...


Anselmo Borges é desonesto. É o mínimo que se pode dizer ele.


A esperteza saloia de  Anselmo Borges pretende fazer a distinção entre “marxista”, “marxólogo” e “marxiano”. Naturalmente que estas distinções praticamente fictícias servem para desculpabilizar e branquear os actos do "papa Francisco".

Por exemplo, ¿podemos imaginar que o pensador marxista alemão Habermas pudesse ser “tomista” (estudioso de S. Tomás de Aquino)? Claro que não. Não duvido que Habermas tivesse estudado S. Tomás de Aquino, mas isso não faz dele um “tomista”.

É sabido que Heidegger e Hannah Arendt estudaram profundamente as ideias de Santo Agostinho; será que, por isso, podemos considerar ambos como “agostinianos”? Claro que não! Heidegger pegou no conceito agostiniano de “cuidar” (curare) e distorceu-o, perverteu-o, e utilizou-o de forma alterada na sua ideologia semi-nazi travestida de “existencialismo”.

De modo semelhante, estudar as ideias de Karl Marx não transforma uma pessoa em “marxólogo”: para se ser “marxólogo” tem que se aceitar, a priori e em grande parte, as ideias de Karl Marx.

Portanto, fica aqui desconstruída a ideia implícita de  Anselmo Borges segundo a qual um marxólogo se mantém independente das ideias de Karl Marx.


Vamos agora ver o conceito de  Anselmo Borges de “marxiano”. Diz ele que o "papa Francisco" não é marxista mas é “marxiano”:

“Mas (o "papa Francisco") é, com certeza, como todos os que andam atentos à cultura, marxiano, isto é, sabe que há contributos de Marx que fazem parte do background cultural comum e que não podemos pura e simplesmente ignorar na leitura da realidade. Os conceitos não são necessariamente virgens e puros, pois cada um lê a realidade a partir do seu lugar social: por exemplo, o conceito de justiça não será exactamente o mesmo para um financeiro bem sucedido e um operário em vias de ser despedido”.

Em primeiro lugar, não há nada de novo em Karl Marx senão o delírio hegeliano do progresso como uma lei da natureza. A noção concreta e objectiva de “mais-valia” já existia na Idade Média — já não falando de Ricardo e da Escola Escocesa.

O facto de uma certa mundividência fazer parte do “background cultural comum” não significa que o  “background cultural comum” esteja certo. Aconselho o  Anselmo Borges a ler, por exemplo, a crítica que Eric Voegelin fez a Karl Marx; está-se sempre em idade de aprender, mesmo quando se tem um alvará de inteligência que permite leccionar em universidades.

Eu aceitaria perfeitamente que o "papa Francisco" fizesse a crítica à mais-valia de acordo, por exemplo, com S. Tomás de Aquino ou S. Belarmino. Mas aceitar o “background cultural comum” marxista travestido de “marxiano” — como diz o  Anselmo Borges que o "papa Francisco" fez —  é um insulto aos milhões de vítimas que o marxismo produziu na História.

Anselmo Borges é desonesto. É o mínimo que se pode dizer ele.

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