quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O Cristianismo não é a “religião do livro”

 

O Frei Bento Domingues faz aqui uma confusão (propositada), como se todos os livros do Antigo Testamento tivessem sido escritos pela mesma pessoa e na mesma época. Ele vê no Antigo Testamento uma lógica sequencial histórica — o que é próprio do Historicismo. Mas a verdade é que, por exemplo, o livro do Génesis não tem nada a ver com o do Deuteronómio, ou seja, não existe uma relação lógica directa entre os dois livros.

Naturalmente que esta confusão é propositada. A prova disso foi o aproveitamento (ignorante) de Francisco Louçã do texto de Frei Bento Domingues. Les bons esprits se rencontrent...

Francisco Louçã, tirando partido da confusão propositada de Frei Bento Domingues, parte da premissa segundo a qual o Antigo Testamento é o livro fundamental dos cristãos. Frei Bento Domingues sabe que não é, e por isso é que ele fala em Iaveísmo, e não em Cristianismo.

Estas “confusões” fazem parte da estratégia ideológica que tem como objectivo nivelar todas as religiões, medindo-as pela mesma bitola. A pergunta que Francisco Louçã e Frei Bento Domingues implicitamente fazem é a seguinte:

“Se o Antigo Testamento também apela ao assassínio, ¿como é que os católicos se distinguem dos muçulmanos?”

A pergunta invoca uma falácia do espantalho.

É que há aqui um detalhe que ambos escamoteiam (um de propósito, e outro por ignorância) : o Antigo Testamento não é o livro fundamental do Cristianismo. Aliás, o Cristianismo não é a “religião do livro”: é a “religião da palavra”.

A “religião do livro” é o Islamismo (Alcorão). E o Judaísmo é a “religião da lei” (Deuteronómio). O Cristianismo é a “religião da palavra” (“No Princípio, era o Verbo” — Evangelho de S. João, 1).

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