O Joaquim faz aqui uma analogia entre uma clínica e um restaurante, ou entre Passos Coelho e António Costa.
“Se me permitem uma extrapolação, a coligação segurou o País num momento difícil, mas os portugueses não se sentem agradecidos, nem estão contentes. Foi como se lhes tivessem retirado um órgão, para lhes salvar a vida. Mesmo sem julgar o trabalho que foi desenvolvido, é evidente que há uma ambivalência nefasta, na população, contra o Sr. Passos e o Sr. Portas”.
Não concordo.
O problema de Passos Coelho não foi o de ter de “amputar uma perna” ao país, porque os portugueses em geral sabiam que a perna teria que ser amputada. O problema de Passos Coelho foi aquilo a que o José Pacheco Pereira chamou de “alegados erros de comunicação” (que na opinião dele não era erro, mas antes era propositado).
Ou seja, o “erro” de Passos Coelho foi a pesporrência, a arrogância em relação aos portugueses (“não sejam piegas!”), por um lado, e a submissão canina em relação à estranja (por exemplo, em relação a Angela Merkel). Forte com os fracos e fraco com os fortes, foi o que caracterizou Passos Coelho.
A divergência de Paulo Portas em relação a Passos Coelho teve muito a ver com esses “erros de comunicação” propositadamente sustentados por uma trupe de meninos queques do Partido Social Democrata prá-frentex e neoliberais. Paulo Portas viu que a estratégia de comunicação estava errada e quis sair de forma “irrevogável” (outro erro).
Em Portugal há um ditado popular que reza assim: “Todo o burro come palha; o que é preciso é saber dar-lhe.”
Passos Coelho não soube dar a palha ao burro (salvo seja).
Em suma, o problema de Passos Coelho não foi o de ter de amputar uma perna ao país; antes foi o de pensar que seria perfeitamente aceitável amputar a perna sem anestesia.
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