Este texto de Laura Ferreira dos Santos (respigado aqui), parece partir do seguinte princípio:
“Há pessoas para que a morte é indolor, e outras, como ela, para quem a morte é dolorosa”.
Ou seja, para a dita senhora, a morte não dói a todos. Ora, esta interpretação é absurda. A morte é, mais ou menos, dolorosa não só para os que partem, mas também para os que ficam.
Então, teremos que fazer outra interpretação do texto dela:
“A morte dói a todos, e por isso é que se justifica a eutanásia para todos”.
Nesta interpretação, enfrenta-se a morte como o drogado enfrenta a vida: injectando heroína na veia.
Mas — dir-se-á — “o drogado tem a ressaca do dia seguinte, ao passo que quem se suicida não tem ressaca no dia que se segue”. Pois é! O problema desta concepção da vida, que supõe que “não existe ressaca depois da morte”, é o de que parte do princípio de que não existe alma no ser humano! O ser humano é concebido como um animal. Trata-se de uma concepção ateísta que se pretende impôr como religião oficial do Estado através da lei, transformando o Estado laico em uma espécie de Estado soviético.
É óbvio que todos nós iremos sofrer com a caducidade da vida e com a morte; não se trata apenas do caso da Laura Ferreira dos Santos. Todos!
E obviamente que, se concordarmos com a opinião da dita senhora, então teremos que defender a eutanásia para todos — que é, no fundo, o que ela defende de modo inconfessável: para a Laura Ferreira dos Santos, a eutanásia deve ser não só um direito do indivíduo enquanto tal, mas também um dever para toda a gente, porque a liberdade não é só negativa: esta é sempre acompanhada (quer ela queira, ou não), pela liberdade positiva.
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