quarta-feira, 13 de abril de 2016

O erro do Diogo Leão

 

“Discriminar” é distinguir uma determinada coisa ou ser, de uma outra coisa ou ser, sem que essa distinção implique necessariamente qualquer injustiça. Ou seja, fazer a distinção entre seres diferentes entre si, não implica obrigatoriamente uma injustiça. Se eu digo, por exemplo, que “uma mulher é diferente de um homem”, estou a fazer uma distinção, e por isso, estou a fazer uma discriminação — o que não significa que eu esteja a ser injusto, mas apenas a constatar um facto.

Um coisa diferente é a “exclusão”, em função da discriminação que é natural. A discriminação é essencial à vida inteligente, e até à ciência. O que nos aborrece no politicamente correcto é deturpação sistemática do sentido da linguagem.

¿Mas será que a exclusão é sempre negativa?

O ministro da defesa empurrou nitidamente o CEME, General Jerónimo, para a “exclusão”, alegadamente em nome da “inclusão”. Portanto, vemos aqui que a “exclusão”, em alguns casos, é considerada legítima. Ou seja, parece que “excluir” não é sempre mau (ética teleológica: os fins justificam os meios). O problema é o de saber se a “inclusão” — que justifica a “exclusão” — é sempre boa.

A “inclusão” não pode colocar em causa o princípio da auto-preservação de uma instituição ou até da sociedade em geral.

Segundo Karl Popper e John Rawls, a sociedade tem o direito à auto-preservação que se superioriza ao princípio da tolerância. A liberdade de uma qualquer instituição só pode ser restringida quando a sua própria segurança, por um lado, e por outro lado quando a liberdade em geral, estão em risco. No caso do Colégio Militar, não se verificou nem uma coisa nem outra. A acção contra o CEME foi acto de zelotas politicamente correctos.

Quando a “inclusão” coloca em causa a sobrevivência de uma determinada instituição, essa inclusão é absolutamente exclusiva — porque, através da inclusão, retira-se à instituição a sua identidade. Portanto, do que se trata no caso do Colégio Militar, é que o politicamente correcto pretende retirar-lhe a identidade em nome da “inclusão”.

Ou seja, pretende-se acabar com o Colégio Militar tal qual ele existe; e por isso é que se trata de um ataque político à instituição militar, em geral. Pretende-se que o Colégio Militar seja uma instituição de ensino como uma outra qualquer. E é isto que é calado pelo Diogo Leão e o politicamente correcto em geral.

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