sexta-feira, 15 de abril de 2016

Sobre Portugal e o Euro

 

A economia não é uma ciência exacta, ou melhor, não pode ser sujeita literalmente ao método das ciências da natureza — tal como acontece também com as chamadas “ciências sociais”. Obviamente que em economia há estatísticas que permitem estabelecer algumas leis; mas essas estatísticas são feitas no passado, e as variáveis são de tal forma vastas que qualquer previsão económica corre sempre muitos riscos de falhar.

Um Insurgente refere-se aqui a uma entrevista de João Ferreira do Amaral em que este defende a saída de Portugal do Euro.

Europa do Euro 400 webNão há qualquer garantia de que se Portugal permanecer no Euro, ou se Portugal sair do Euro, o nosso país terá um futuro mais risonho.

Permanecer do Euro ou sair dele é uma decisão política — porque as estatísticas de 15 anos de Euro revelam que as vantagens e desvantagens da permanência de Portugal no Euro se equivalem. Já não estamos aqui a falar de economia, mas antes de opções políticas e, obviamente, ideológicas.

João Ferreira do Amaral mencionou alguns factos (e contra factos não há argumentos). Por exemplo, com Portugal no Euro a crescer entre 1% e 1,5%, o país não tem viabilidade; é um país que não tem futuro. Este é um facto matematicamente verificável, em função do valor da dívida total do país. Quem defende, ainda assim, a permanência de Portugal no Euro, toma uma opção política, e não económica: sacrifica determinados valores para beneficiar outros valores.

Por outro lado, também não há quaisquer garantias de que, saindo Portugal do Euro, Portugal começaria automaticamente a crescer 3% por ano, permitindo assim o pagamento da dívida e juros, o decréscimo do desemprego e a sustentabilidade das despesas do Estado. Mas a experiência demonstra-nos que a permanência de Portugal no Euro levou ao endividamento e à descapitalização da economia portuguesa. Isto são factos. Porém, a experiência demonstra-nos que o soberanismo, entendido apenas isoladamente e sem uma renovação cultural, não é garantia de crescimento económico (como podemos ver no actual Brasil de Dilma).

Permanecer no Euro ou sair dele é escolher entre dois males — porque não há qualquer garantia de que cada um deles funcione para um melhor Portugal futuro. É uma decisão política que esta geração de políticos terá que assumir, para o bem ou para o mal de Portugal, e que ficará para a História.

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