quarta-feira, 1 de junho de 2016

O símbolo de Hitler

 

“A obra icónica de Hitler é finalmente reeditada, isto após ter cessado a proibição da sua publicação na Alemanha, e, como já se esperava, uma polémica vê-se nascente, e ela vem contrapor, mais uma vez, o valor da Liberdade de expressão ao valor do controlo "sensato" dessa liberdade, em nome de um suposto respeito pela Ética.”

“Mein Kampf”: por que é importante reeditá-lo

Eu não li o livro, e por isso não posso pronunciar-me sobre o conteúdo de um livro que não li. Só nos devemos pronunciar sobre aquilo que sabemos. Porém, posso pronunciar-me sobre o símbolo cultural e espiritual do referido livro, que tem como representação uma determinada ideia de sociedade. Sobre esse simbolismo, posso falar. E o símbolo espiritual da “Minha Luta”, de Hitler, (que se reflecte em um determinado significado) para além de não ser comparável (simbolicamente) à obra de Nietzsche, é de tal forma negativo que deve ser tratado como uma espécie de “mal condensado”.

Se me disserem que o referido livro deve ser estudado e lido a nível dos estudantes universitários, não tenho nada contra. Que me digam que o livro pode ser vendido a qualquer bicho careta, mantenho as minhas reservas. As ideias têm consequências.

Quanto ao resto do texto:

simbolo-nazismo1/ a obra de Nietzsche (não a li: estudei-a!, linha a linha) não tem sido “demonizada”; quando as críticas são objectivas, não “demonizamos” ninguém. Quando eu digo, por exemplo e por analogia, que “um assassino é um assassino porque matou alguém”, não o estou da “demonizar”: estou a constatar um facto. Os factos, por si mesmos, não “demonizam”: é a interpretação emocional dos factos que pode “demonizar”. Nietzsche não foi um demónio; foi um pobre coitado que morreu louco.

“Nietzsche está morto” (Deus).

2/ do ponto de vista do seu simbolismo, não é possível comparar o livro de Hitler com qualquer outro livro jamais publicado. Não é possível comparar o simbolismo de Hitler com o de Darwin, com o de Adam Smith, com o de Nietzsche, com o de Platão, com o de Karl Marx, etc.. Quando um determinado símbolo tem, como seu representado (representação), a defesa (explícita ou implícita) da aniquilação humana na forma de uma determinada raça (estou a falar no símbolo, e não no livro que não li), esse símbolo não pode ser tratado como outro qualquer.

3/ o actual branqueamento do Holocausto é também uma consequência desse simbolismo do livro. Desde Sócrates (o grego) que sabemos que ninguém faz o mal pelo mal: quando alguém faz mal a outrem é porque quer algum bem, quanto mais não seja o seu próprio bem.

Mas o símbolo do nazismo (assim como o símbolo dos Gulag soviéticos) ultrapassou a fronteira do “mal”, entendido na forma humana e segundo Sócrates: com o nazismo, o mal tornou-se metafísico, manifestando-se através da liberdade da indiferença e do acto gratuito.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.