sábado, 10 de dezembro de 2016

O romantismo do catolicismo New Age

 

Há muito tempo que não comento os artigos do José Luís Martins Nunes, porque os ditos são elaborados a partir da preponderância da emoção que marca a cultura actual, por um lado, e por outro lado, os textos seguem a linha ideológica do Existencialismo pessimista e paralisante de Kierkegaard, que, juntamente com Karl Marx e com Nietzsche, marcaram o fim da Auctoritas na cultura antropológica da Europa.

Por exemplo: diz o Nunes que “ninguém nasce herói”. Eu penso o contrário: todo o ser humano (desde a concepção) é um herói — incluindo (e sobretudo) aquele que aparentemente nasce inferiorizado em relação ao vulgar dos homens. Somos todos heróis, mas há uns mais heróis que outros. Por exemplo, os seres humanos com síndroma de Down são heróis especiais; e de tal forma que, em França, o poder político proibiu que se falassem neles, porque de heróis passaram já à condição de super-heróis.

Escreve o Nunes:

“Para conhecer alguém devemos observá-lo com paciência durante bastante tempo, a fim de identificar qual a sua trajectória entre erros e acertoso tempo corre sempre a favor da verdade!”

Ora aqui está uma frase complicada!. O que para mim é erro, para outra pessoa pode não ser.

Por exemplo, para mim é erro a comunhão de recasados recasados recasados que se recasaram mais uma vez; para o papa Chico (e para o Nunes), a comunhão eucarística de recasados recasados recasados recasados recasados recasados recasados recasados recasados recasados que se tornaram a recasar, já não é erro.

A ideia segundo a qual “o tempo corre sempre a favor da verdade” induz-nos a noção historicista e errada segundo a qual “estamos do lado certo da História”: hoje, a guerra cultural é a de saber “quem está do lado certo da História”, como se o ser humano conhecesse o futuro.

E, normalmente, do lado certo da História faz parte o apelo à emoção em detrimento da razão — é este novo romantismo coevo que afirma (como faz o Nunes) que “ame e lute pelo amor, em qualquer circunstância... custe o que custar. A felicidade está nessa luta”sem se definir “amor”, generalizando o conceito de “amor” a tudo e mais alguma coisa, como convém aos românticos actuais.

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