“A Esquerda nunca atribui o seu fracasso ao erro de diagnóstico, mas antes à perversidade dos factos.”
→ Nicolás Gómez Dávila
O Ludwig Krippahl defende a ideia segundo a qual — em alternativa ao sistema de quotas — se devem facilitar as condições económicas de um determinado estrato populacional alegadamente desfavorecido :
“Este ano entra em vigor uma lei que impõe quotas de género na direcção de empresas públicas e empresas cotadas em bolsa. Visa obrigar a que haja mais mulheres nestes cargos. É uma má solução e um precedente perigoso.
No ensino superior, alunos provenientes de famílias pobres estão sub-representados. Uma criança nascida num bairro de lata ou numa aldeia pobre do interior dificilmente irá tirar um curso superior. Esta injustiça corrige-se mitigando os efeitos injustos da pobreza. É preciso subsidiar transportes e refeições, melhorar o ensino básico gratuito e acabar com as propinas, por exemplo. Impor quotas para candidatos pobres não iria resolver o problema e só iria criar uma nova injustiça ao preterir candidatos com melhor desempenho académico em favor de alunos mal preparados. Os sistemas de quotas são agnósticos às causas e servem apenas para disfarçar estatísticas”.
Vejamos um vídeo acerca da comunidade negra americana e o sistema de quotas para negros.
“A civilização é produto de actividades deliberadas; a cultura resulta de actuações involuntárias.”
→ Nicolás Gómez Dávila
A Esquerda nunca tem em consideração a cultura antropológica ou a cultura de uma determinada comunidade: a culpa dos fracassos de uma determinada comunidade restrita (que tem uma cultura própria) é sempre da sociedade em geral.
Não é por haver muitos pretos na classe política — ou na ruling class — que a comunidade negra americana ganha mais com isso; nem é por não haver quaisquer custos de vida (“tudo à borla para pretos!”) que a haverá ganhos palpáveis para a comunidade negra em geral.
Ademais, o Ludwig Krippahl confunde a condição biológica (determinada pela natureza) que diferencia o homem e a mulher, por um lado, com a diferença entre pobres e não-pobres (marcada pela sociedade e não necessariamente pela natureza), por outro lado. A comparação que ele faz é absurda.
Quando comparamos os rendimentos entre homens e mulheres, temos que o fazer dentro de uma mesma profissão — que é o que o politicamente correcto (propositadamente) não faz: compara alhos com bugalhos.
É um absurdo comparar o rendimento de um homem licenciado em engenharia electrotécnica, por exemplo, com o rendimento de uma mulher licenciada em História. Temos que comparar aquilo que é comparável.
A ideia (própria do mentecaptos de Esquerda) segundo a qual um patrão prefere pagar mais dinheiro pelo mesmo trabalho feito por um homem (em vez de pagar menos dinheiro pelo mesmo trabalho feito por uma mulher), é um atestado de burrice feito à classe empresarial. Um patrão inteligente (um bom burguês que se preze!) pretende sempre pagar o menos possível pelo mesmo trabalho — independentemente de se tratar de homem ou mulher.
O grande problema da nossa cultura antropológica burguesa é o de que o trabalho tipicamente feminino é desvalorizado pelas elites (burguesas); e esta cultura burguesa marca e determina também a cultura de Esquerda. O que a nossa sociedade necessita é de demarcar-se desta cultura burguesa (e da cultura burguesa da Esquerda segundo a doutrina de Engels, também!) e passar a valorizar culturalmente o trabalho tipicamente feminino, e não comparar coisas que são incomparáveis.
A discriminação injusta só existe perante a desvalorização humana. A Esquerda luta contra a realidade imposta por valores burgueses — mas a Esquerda utiliza os valores burgueses como sendo os únicos possíveis.
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