terça-feira, 27 de março de 2018

Acerca de uma certa imbecilidade e embotamento ético dos “liberais” portugueses

 

Entre a segurança e a liberdade, e não havendo a possibilidade de termos ambas as condições, eu prefiro a liberdade — até porque a liberdade individual é meio-caminho andado para se obter a segurança. Nisso estou de acordo com o “liberal” que escreveu isto.

 


Em Portugal (e com excepção de uma minoria da classe alta), quem não trabalha para o Estado (ou no Estado) não tem nem segurança nem liberdade: simplesmente não existe. Em Portugal, a classe média é uma classe do Estado.

Porém, com o actual governo da geringonça esquerdista em Portugal, começam já verificar-se restrições à liberdade individual e colectiva (sim!, porque a liberdade também é colectiva na medida em que a liberdade é um epifenómeno político, e a política pertence à Pólis), e hoje a segurança praticamente não existe senão para os funcionários do Estado.

Em Portugal (e com excepção de uma minoria da classe alta), quem não trabalha para o Estado (ou no Estado) não tem nem segurança nem liberdade: simplesmente não existe. Em Portugal, a classe média é uma classe do Estado.

Mas não estou de acordo com a ideia “liberal” abstrusa, que está hoje moda, segundo a qual “o imposto é um roubo”. Esta gente (os ditos “liberais”) tem que exagerar, radicalizar, para parecer original. Se não tivéssemos impostos não seria possível construir estradas, por exemplo; ¿deixaríamos a construção de todas as ruas da cidade para a iniciativa privada? ¿E a polícia deveria ser gerida por uma qualquer associação patronal? ¿E as Forças Armadas deveriam ser organizadas por privados? ¿Por que razão os liberais que temos não vão à bardamerda?

A ideia, entendida em si mesma, segundo a qual “o imposto é um roubo”, só pode vir de um mentecapto.

O que temos que saber é 1/ como o dinheiro dos nossos impostos é utilizado pelo Estado; e 2/ se a colecta de impostos, por parte do Estado, atrofia (ou não) ou prejudica a economia (ver Curva de Laffer). E voltamos à velha teoria do Tea Party americano do século XVIII: “no taxation without representation”.

Os que os ditos “liberais” de meia-tigela, que infestam a nossa praça, não dizem — porque têm medo de serem chamados de misóginos e “fassistas” — é que o Estado Social na Europa foi-se afirmando paulatinamente (em todas as sociedades dita democráticas) com o voto da mulher.

A mulher (também porque vive mais tempo do que o homem), através do voto, procura no Estado a segurança que, por sua vez, lhe dá a liberdade de “se casar com o Estado” e de nacionalizar a família. E a Esquerda radical e totalitária rejubila.

Temos um sério problema cultural na Europa que não pode durar sempre: chegará um dia em que haverá choro e ranger de dentes, em que não será mais possível sustentar a nacionalização da família sem que caiamos necessariamente em um regime político totalitário.


Outra idiotice do “liberalismo” português é a negação do conceito de Notrecht de Hegel.

Escreve o grande idiota “liberal”:

“Se alguém se locupletar, pela ameaça da força, do património legitimamente acumulado de um indivíduo riquíssimo, mal-educado e profundamente egoísta para acudir com esse produto a uma pessoa que por circunstâncias várias da vida foi atirada para uma situação de provação, tal não deixa de ser um roubo, mesmo se o benefício trazido ao pobre for superior ao dano material causado ao rico”.

O mal desta gentinha é que estudou umas coisas de economia mas não têm sensibilidade ética suficiente. São eticamente embotados. Desde logo, seguem o Marginalismo.

O marginalista Carl Menger escreveu o seguinte: “É tão útil a oração para o homem santo, como é útil o assassínio para o homem criminoso”.

Só um estúpido pode fazer uma equivalência ética como essa (entre um santo e um assassino). Só faltaria que o liberal-da-treta afirmasse que “foi tão útil para Albert Schweitzer a sua acção em África, como foi útil para Adolfo Hitler a sua acção na Europa”.

Na sua obra “Filosofia do Direito”, Hegel escreve que o direito à propriedade privada deve ser respeitado, mas há situações de perigo extremo – por exemplo, a pobreza extrema – que comprometem princípios morais inalienáveis (como por exemplo o direito à vida) em que o sujeito viola eventualmente o direito à propriedade: por exemplo, quando um pobre rouba um pão para não morrer de fome, cometendo assim, um delito jurídico e uma falta moral.

Neste caso, impõe-se legitimamente que o direito de necessidade (Notrecht) faça valer o direito a viver em detrimento do direito de propriedade.

Esse direito a viver (a sobreviver condignamente), que decorre do direito de necessidade (Notrecht) excede a simples considerações de circunstâncias atenuantes do delito jurídico, e exige a intervenção de uma “potência ética superior que vele pela sobrevivência de cada um” (leia-se, “Estado”).

Escreve Hegel:

“Com efeito, por um lado, há violação infinita da existência empírica, portanto, ausência total de direito, enquanto, pelo outro, mais não há do que violação de uma existência empírica limitada e singular da liberdade” (“Filosofia do Direito”, §127).

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