“Os que repudiam toda a metafísica albergam em segredo o que há de mais tosco” (Nicolás Gómez Dávila)
Vejo esta pergunta:
Diferença entre a visão metafísica e a dialéctica, alguém me ajuda?
A resposta veio a seguir:
A ideia segundo a qual o pensamento “metafísico” seria estático e oposto ao pensamento “dialéctico”, é um conceito do marxismo. O ensino da filosofia no Brasil está minado pelo marxismo.
A ideia de que “a metafísica se opõe à dialéctica” é absurda, porque mistura alhos com bugalhos, coloca em oposição conceitos que não são nem oponíveis nem contraditórios; revela o grau zero do pensamento moderno. Seria semelhante se eu dissesse, por exemplo, que “o Aquecimento Global se opõe ao bolo de maçã da minha vizinha”.
“A negação dialéctica não existe entre realidades, mas apenas entre definições. A síntese em que a relação se resolve não é um estado real, mas apenas verbal. O propósito do discurso move o processo dialéctico, e a sua arbitrariedade assegura o seu êxito.
Sendo possível, com efeito, definir qualquer coisa como contrária a outra coisa qualquer; sendo também possível abstrair um atributo qualquer de uma coisa para a opôr a outros atributos seus, ou a atributos igualmente abstractos de outra coisa; sendo possível, enfim, contrapôr, no tempo, toda a coisa a si mesma — a dialéctica é o mais engenhoso instrumento para extrair da realidade o esquema que tínhamos previamente escondido nela.”
→ Nicolás Gómez Dávila
“Metafísica” vem do grego “tá metaphusiká”, que significa “os livros depois da física”, que foi o título dado por Andronico de Rodes, no século I antes de Cristo, a uma colecção da obra de Aristóteles.
“Metafísica” é sinónimo de “ontologia” ou de “filosofia dos primeiros princípios” — que inclui a cosmologia “racional” e a Teodiceia. É o discurso que se aplica ao “Ser Enquanto Ser” (Aristóteles) que tem como objecto o ser humano, o universo, o pensamento.
A metafísica pós-socrática (Platão, Aristóteles) não se separou da Física (era um monismo): foi a metafísica cristã que, insistindo na relação entre razão e fé, entre a ordem natural e a ordem sobrenatural (dualismo), deu à palavra “metafísica” o seu peso religioso.
Todos os idealistas alemães (principalmente Hegel), por um lado, e por outro lado a chamada “Esquerda hegeliana”, Karl Marx e seus sequazes (Engels, Lenine), foram hostis à palavra “metafísica” — ao contrário dos iluministas, como por exemplo Wolff ou Kant, que consideraram a metafísica como parte integrante e inevitável do modo de ser humano.
No Brasil, não apenas filosofia, mas os cursos de licenciatura, isto é, os cursos que formam professores estão marcados pelo marxismo. Os cursos de humanas - filosofia, história, letras - são os mais atingidos pelo marxismo. Infelizmente a elite esquerdista tomou conta dos espaços culturais no Brasil, como denuncia Olavo de Carvalho.
ResponderEliminarOutro problema da filosofia no Brasil é que ela não tem muito campo de trabalho fora das licenciaturas (dar aulas em escolas ou Universidades). Um padre religioso que era professor de filosofia me disse uma vez que a situação é bem diferente na Europa, onde há bastante campo de trabalho para quem tem formação em filosofia.
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