A professora Helena Serrão transcreve aqui um trecho de uma tal Paula Mateus (que eu não sei quem é) acerca da teoria histórica de um tal Levinson (que também não sei quem é, nem me interessa saber). O que me interessa é tentar analisar o referido textículo.
Desde logo, e contra a teoria do Tal Levinson (ou da Paula Mateus), a essência da arte não se reduz à História; a arte transcende a História: neste aspecto (como noutros) aplica-se o realismo de Platão. Toda a arte é uma aproximação (mais ou menos conseguida) ao um ideal estético/ético (ideal de beleza).
Aplica-se aqui a diferença humeana (isto é uma analogia!) entre “questões de facto”, por um lado, e as “relações de ideias”, por outro lado: certas concepções sobre “relações de ideias” são verdades necessárias (existem em uma realidade ideal, intemporal); por exemplo, dados os axiomas de Euclides, só se pode concluir que a soma dos ângulos de um triângulo é de 180 graus e não outra coisa qualquer: o axioma de Euclides existe em uma realidade ideal. Mas a obra de arte humana (empírica, temporal) já é uma “questão de facto”, é uma realidade contingente que se pode assemelhar, mais ou menos, à “realidade ideal” que é o ideal estético que existe independentemente de qualquer recurso à evidência empírica.
Mas, por outro lado, o Tal Levinson tem razão quando inclui o factor histórico (o legado cultural, civilizacional, a tradição, etc.) na actividade artística. Porém, e ao contrário do que diz o Tal Levinson, não existe “evolução na arte” — porque isso seria introduzir a validade do Historicismo na arte, por um lado, e por outro lado seria considerar a decadência (cultural) da arte como uma “evolução” no sentido positivo. Existe, sim, mudança na arte, que não é necessariamente “evolução” no sentido positivo.
O conceito (do Tal Levinson) de “direito de propriedade da arte” cheira a Pragmatismo. Nem vale a pena falar do assunto.
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