quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Rousseau passou a vida a plagiar conceitos


Vemos aqui um texto que nos demonstra como o Jean-Jacques Rousseau foi o precursor da Teoria Crítica — a arte retórica niilista de colocar em dúvida a própria dúvida: e é só nisto que Rousseau é original, porque a crítica que Rousseau faz aos filósofos é literalmente copiada de Pascal [por exemplo, quando Blaise Pascal afirma que a filosofia conhece “280 bens supremos” de modo que cada filósofo teria a sua própria moral].

Ainda no referido texto, Rousseau [a negação romântica da ciência, como acontece hoje, por exemplo, com o Bloco de Esquerda e com uma certa parte do Partido Socialista] refere-se à dúvida sistemática de Descartes, criticando-a:

“Estava naquele estado de espírito de incerteza e de dúvida que Descartes exige para a procura da verdade. Este estado não é feito para durar, é inquietante e penoso; deixa-nos apenas o interesse do vício e a preguiça na alma. Não tinha o coração tão corrompido para aí me comprazer; e nada preserva melhor o hábito de reflectir que estar mais satisfeito consigo do que com o seu destino”.

Mas assim como Rousseau copiou Pascal, assim Descartes copiou Santo Agostinho que antecipou, no século IV, a famosa ideia de Descartes do século XVII: “cogito, ergo sum”:

“¿Quem quereria duvidar de que vive, se lembra, compreende, pensa, sabe ou julga? É que, mesmo quando se duvida, compreende-se que se duvida... portanto, se alguém duvida de tudo o resto, não deve ser dúvidas acerca disto. Se não existisse o Eu, não poderia duvidar absolutamente de nada. Por conseguinte, a dúvida prova por si própria a verdade: eu existo se duvido. Porque a dúvida só é possível se eu existo”.

→ “Cidade de Deus” (Santo Agostinho)

A professora Helena Serrão chapou o referido texto de Rousseau sem quaisquer comentários (“quem cala, consente”, diz o povo) — um texto da respigado da obra de Rousseau “L’Émile ou de l’éducation”, obra essa que fez [talvez] com que Rousseau enviasse os seus cinco filhos para um orfanato para não ter a preocupação e a trabalheira de os educar.


“Quando vemos ambos que aquilo que dizes é verdadeiro — ¿onde é que o vemos?, pergunto-te. Decerto não é em ti que o vejo, não é em mim que o vês. Vemo-lo ambos na imutável Verdade, que se encontra acima das nossas inteligências.”

→ Santo Agostinho, Confissões, XII, XXIV, 35

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