segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

A injustiças simétricas dos globalismos


“O pensamento que quer ser sempre justo, paralisa-se. O pensamento progride quando caminha entre injustiças simétricas, como entre duas filas de enforcados” — Nicolás Gómez Dávila


Reparemos neste aforismo de Nicolás Gómez Dávila, e apliquemo-lo à dialéctica política e ideológica entre o globalismo ocidental, por um lado, e o globalismo russo-chinês, por outro lado (para além destes dois globalismos, Olavo de Carvalho mencionou um terceiro: o globalismo islâmico).

É esta “dialéctica”, entre estes dois tipos de globalismo, que está em causa com a invasão e ocupação da Ucrânia por parte da Rússia.

Determinadas pessoas (nomeadamente as de uma certa “Direita” ocidental), na medida em que não gostam do globalismo ocidental (anglo-saxónico), opta por apoiar o globalismo sino-russo contra o globalismo anglo-saxónico.

Ou seja, entre injustiças que são simétricas, essa “Direita” opta por apoiar uma delas; entre (metaforicamente) “duas filas de enforcados”, consideram que uma delas foi mais vitimizada do que a outra (maniqueísmo, que é típico da mente revolucionária).

Porém, o pensamento só “progride quando caminha entre injustiças simétricas, como entre duas filas de enforcados” — o progresso do pensamento, e a procura da verdade só ocorrem quando o nosso pensamento crítico questiona os dois tipos de globalismo.

Por exemplo: pelo facto de eu criticar duramente o "World Economic Forum" (e o louco Klaus Schwab), o globalismo anglo-saxónico com as suas elites marcadamente misantrópicas e neo-malthusianas — isso não significa que, por este facto, eu seja necessariamente obrigado a apoiar a injustiça simétrica, protagonizada pelo globalismo sino-russo que também invade nações sem dar cavaco a ninguém.

Se o mundo se passar a reger pela lei da bala, estamos todos f*d*dos!

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