terça-feira, 16 de maio de 2023

O método indutivo-dedutivo aristotélico aplicado à ética


Este texto de Michael Sandel, publicado pela professora Helena Serrão (ler aqui em PDF), foi (aparentemente) impresso em Portugal pela Editora Presença, de Lisboa; mas está escrito em língua brasileira; e isto preocupa-me: por exemplo, em português escreve-se “facto”, e não “fato”; e por aí fora...

Pelo facto de a Editora Presença publicar, em Portugal, livros em língua brasileira sem qualquer aviso ao comprador, deveria ser objecto de uma indemnização legal ao consumidor.


Michael Sandel faz parte de uma corrente filosófica a que se convencionou chamar de “comunitaristas”, que se opõe aos libertários (individualismo radical). Da corrente dos “comunitaristas” fazem parte, também e por exemplo, Michael Walzer, Alasdair MacIntyre, Charles Taylor.

O texto de Sandel é muito interessante porque aplica, à reflexão ética, o método indutivo-dedutivo científico de Aristóteles, que encarou a investigação científica como uma progressão a partir das observações até aos princípios gerais, e destes, de novo, de volta até às observações — Aristóteles sustentou que o cientista deveria induzir princípios interpretativos a partir dos fenómenos a interpretar, e, a seguir, deduzir afirmações (proposições) sobre os fenómenos a partir de premissas que incluam estes princípios.

Observação → indução → princípios interpretativos → dedução → de volta à observação

Este modelo aristotélico foi posteriormente adoptado por Roger Bacon (não confundir com Francis Bacon), e ainda hoje é válido até certo ponto.

Na segunda parte do texto, Sandel adopta o criticismo kantiano (Kant, Karl Popper) que exige discussão pública das teorias subjectivas e individuais (tanto em ciência, como na ética).