“Antes de te haver formado no ventre materno, eu já te conhecia;”
— 1 Jeremias, 1-5
“O primeiro homem, tirado da terra, é terrestre; o segundo vem do céu. Tal como era o terrestre, assim são também os terrestres; tal como era o celeste, assim são também os celestes.”
Paulo de Tarso, 1 COR 15, 45 – 49
Gadamer viu só uma parte do problema humano (ver ficheiro PDF) — viu a parte da realidade, maioritária, que depende exclusivamente da experiência, no sentido de “experimentação” empírica. Gadamer, assim como a maioria dos teóricos, parte do princípio estóico da “tábua-rasa”, isto é, recusa de qualquer forma de inatismo.
Porém, sempre houve pessoas especiais que “aprenderam” antes do sofrimento, ou seja, o sofrimento era algo esperado pelo conhecimento revelado pela consciência espiritual da realidade. Essas pessoas, não precisaram do sofrimento para a detenção de conhecimento, e o sofrimento chegou-lhes depois da consciência conhecedora desse sofrimento. Para essas pessoas, grande parte do conhecimento é prévia ao sofrimento, e este apenas corrobora (a posteriori) aquele.
A consciência é uma experiência originária — comprovável a nível intersubjectivo — que antecede a experiência objectiva (a tal “experiência” de Gadamer), tanto em termos lógicos como também em termos existenciais.
Essa “experiência originária”, em casos excepcionais, já não depende do “sofrer para aprender”: já tem consciência prévia do sofrimento da condição humana. Dou como exemplo duas pessoas: uma, Immanuel Kant, aprendeu com o sofrer da experiência objectiva e morreu com o cérebro definhado, sem autoconsciência. E o Padre Pio de Pietrelcina, cuja consciência de saber antecedeu o sofrimento, morreu lúcido, e de tal forma que previu exactamente o dia e a hora em que viria a falecer.
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