Os três globalismos
É perfeitamente inteligível a tese de Olavo de Carvalho segundo a qual existem três globalismos distintos:
- o globalismo ocidental (ou Baixo Judaísmo),
- o globalismo russo-chinês (pós-marxismo),
- e o Islão (Islamismo).
Todos eles são antidemocráticos, no sentido de “impeditivos da liberdade natural e pessoal” (Direito Natural), sendo que os dois últimos são, pelo menos por agora, mais agressivos na restrição da liberdade.
Todos eles têm origens ideológicas e culturais distintas, e mesmo antitéticas.
Por exemplo, o marxismo não poderia pegar de estaca na Rússia — como pegou ! — sem um tipo específico de cristianismo espelhado nas obras de Gorki, Tolstoi, e sobretudo de Dostoievski. Trata-se de um tipo de cristianismo muito próximo, do ponto de vista filosófico, do confucionismo milenar que marcou a China, e que é o substrato histórico e o cimento cultural do actual totalitarismo fascista chinês.
A esse tipo de cristianismo miserabilista e existencialista, específico da Rússia, a elite de ideólogos revolucionários russos (intelectuais, na maioria, judeus étnicos, mas ateus) acrescentou-lhe a utopia marxista como forma de fazer manter a cultura de “História Linear” (de origem judaica, pós-Êxodo) que, alegadamente, assegura o “progresso”, na História, como uma lei da Natureza — mas já segundo os preceitos de Hegel (progresso espiritual) e do Materialismo Dialéctico de Karl Marx (utopia marxista).
A este caldo cultural e ideológico milenar, o actual ideólogo russo Alexandre Dugin (o ideólogo preferido de Putin) acrescentou-lhe a dialéctica da superioridade rácica, cultural e civilizacional da Rússia; sobre o cristianismo sacrificialista descrito exemplarmente por Dostoievski; com o acrescento marxista, utópico e com a ideia linear de “progresso” histórico como sendo uma lei da Natureza, Dugin acrescenta-lhe a epicidade de um (pretenso) nacionalismo superior a todos os outros, baseando-se numa mescla ideológica das dialécticas de Hegel (progresso espiritual) e de Marx (Materialismo Dialéctico).
Neste ponto, convém relembrar o conceito de “ideologia”, segundo Hannah Arendt: todo o pensamento ideológico (as ideologias políticas) contém três elementos de natureza totalitária:
1/ a pretensão de explicar tudo;
2/ dentro desta pretensão, está a capacidade de se afastar de toda a experiência;
3/ a capacidade de construir raciocínios lógicos e coerentes que permitem crer em uma realidade fictícia a partir dos resultados esperados por via desses raciocínios — e não a partir da experiência.
A “ideologia”, no sentido moderno, é uma herança cultural (uma forma de pensar, de racionalizar o mundo) do gnosticismo da Antiguidade Tardia, e, consequentemente, do puritanismo protestante de fins da Idade Média.
Na China, o processo da institucionalização do totalitarismo pós-marxista é semelhante ao da Rússia, substituindo o cristianismo miserabilista e existencialista, pelo confucionismo determinista e fatídico. O cimento cultural está presente para assegurar o sucesso de um totalitarismo feroz e praticamente impossível de erradicar por meios pacíficos.
O sucesso cultural do Islão — que é um princípio de ordem política, ou seja, uma ideologia, antes de ser uma mera religião —, deve-se, essencialmente, à proliferação endémica da endogamia, que é receitada e recomendada pela própria ideologia islâmica: ou seja, o Islamismo transporta, dentro de si, os preceitos da sua perpetuação cultural através da criação sistémica de indivíduos de baixo Coeficiente de Inteligência.
(Segue / III)
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