sábado, 24 de fevereiro de 2024

O politicamente correcto é, na sua essência, anti-científico


Outro texto escolhido pela professora Helena Serrão, desta vez colocando sibilinamente em causa a indução (na ciência): trata-se, em boa verdade, de uma crítica à generalização.

Vivemos em uma cultura de crítica feroz à generalização, ou seja, nunca cultura estruturalmente anti-científica, por um lado, e por outro lado, numa cultura marcada por um nominalismo radical, em que as pessoas (geralmente) têm dificuldade em categorizar a realidade; uma cultura em que a noção de “juízo universal” está basicamente ausente, ou é negada.

A crítica à generalização, em favor de um nominalismo radical, não é apenas de hoje: é uma manifestação da “velhice do eterno novo” (Fernando Pessoa). Na velha Grécia, Antístenes (o Cínico) dizia que a realidade é sempre individual e que a generalização é uma ilusão.

Antístenes poderia perfeitamente ser militante do Bloco de Esquerda.

Antístenes terá dito a Platão: “Eu vejo um cavalo, mas não vejo a cavalidade”, ao que Platão respondeu: “Porque não tens olhos para vê-la...”

Quando Antístenes dizia que via “um cavalo mas não via a cavalidade”, estava a negar a noção de juízo universal. Uma das características do politicamente correcto actual é a negação radical do juízo universal. A negação do juízo universal é a negação da generalização e da indução, é a negação da ciência.

O que aconteceu, ao longo da História, foi uma sucessão de herdeiros de Antístenes que deixaram de ver a cavalidade para só enxergarem o cavalo, isto é, eles próprios. O nominalismo é o pai do relativismo.

O politicamente correcto, que nos governa actualmente, é, na sua essência, anti-científico. Pretende estupidificar orgulhosamente os povos.