“Nas sociedades tradicionalistas são talvez os Mortos que mandam; nas sociedades democráticas, porém, é a Morte que manda.”
→ Fernando Pessoa
Temos aqui um texto publicado pela professora Helena Serrão, da autoria do marxista cultural e judeu Erich Fromm, um dos fundadores e seguidores da Escola de Frankfurt. Tal como o judeu Herbert Marcuse, o judeu Erich Fromm fugiu da Alemanha nazi e levou o seu inferno ideológico para os Estados Unidos.
“Só nas épocas de decadência e de esgotamento social, quando o valor humano do indivíduo se abate e o seu dinamismo social afrouxa, pode uma doutrina altruísta (socialista) criar raízes na alma popular.”
→ Fernando Pessoa
Eu não concordo em quase tudo com Erich Fromm;
- por exemplo, não concordo com a ideia de Fromm segundo a qual o instinto, no ser humano, vai desaparecendo com o incremento do “processo de individuação”; Erich Fromm ganharia alguma coisa se tivesse lido Fernando Pessoa, Leonardo Coimbra, Antero de Quental, ou Henri Bergson (segundo Bergson, a intuição é o instinto que no ser humano se tornou desinteressado, consciente de si próprio, capaz de reflectir sobre o seu objecto ― é o retorno consciente da inteligência ao instinto. No ser humano, a ordem natural é essa conjugação consciente entre a inteligência e a intuição. Defender esta ordem natural do ser humano é a coisa mais racional do mundo), ou mesmo a fenomenologia de Husserl.
- ou que a “liberdade humana” significa “independência em relação às leis da Natureza”: estas duas noções, oriundas do marxismo cultural (por exemplo, Adorno, Marcuse, Wilhelm Reich, Erich Fromm), envenenaram o pensamento académico português e solidificaram-se ideologicamente nas elites políticas portuguesas depois do 28 de Abril de Mil Novecentos e Troca o Passo.
“O socialismo, em vez de ser uma libertação económica, é uma ausência completa de liberdade. O socialismo torna extensivo a toda a gente o servismo da maioria. Não são os escravos que querem libertar-se: são os escravos que querem escravizar tudo. Se eu sou corcunda, sejam todos corcundas.
É esta a razão por que, sem querer mas sabiamente, a Natureza fez o Homem construir o privilégio. (…) Bem diziam os homens da Idade Média, concebendo a liberdade, não como um direito, mas como um privilégio.”
→ Fernando Pessoa, “Cinco Diálogos Sobre a Tirania”, Obras em Prosa, Tomo III, edição do Círculo de Leitores, 1975.
O homem moderno — por exemplo, um intelectual académico de alto coturno, altamente “individualizado” — reage da mesma forma, a um terramoto, que um outro homem, da idade da pedra: borrando-se todo!
“Revolucionário ou reformador — o erro é o mesmo. Impotente para dominar e reformar a sua própria atitude para com a vida, que é tudo, ou o próprio ser, que é quase tudo, o homem foge para querer modificar os outros e o mundo externo. Todo o revolucionário, todo o reformador, é um evadido. Combater é não ser capaz de combater-se. Reformar é não ter emenda possível.”
→ Fernando Pessoa, Livro do Desassossego
O conceito de “individuação” (ou “processo de individuação”, como escreveu Fromm), utilizado pelo judeu Erich Fromm, tem origem na escolástica medieval: o Princípio de Individuação, é o princípio da Escolástica em virtude do qual uma categoria do Ser se singulariza numa realidade única ou singular – por exemplo, no indivíduo Orlando Braga. Portanto, neste aspecto, não há nada de novo em Erich Fromm.
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