“A professora Inocência Mata, pós-doutorada em Estudos Pós-Coloniais, conversa com a Catarina Marques Rodrigues sobre o racismo na Faculdade de Letras e os casos em tribunal, o desprezo pela literatura africana, a visão eurocêntrica da cultura, a descolonização dos manuais escolares, o erro com os Descobrimentos e a reparação histórica.”
→ Inocência Mata, professora e pós-doutorada em Estudos Pós-Coloniais
Verificamos, na citação supra, a expressão típica do racismo negro, que não é apenas uma questão de afirmação da diferença de cor da pele: é sobretudo a procura persistente da legitimação do privilégio da negritude. Ou seja, ser negro deve ser considerado um privilégio (o excepcionalismo negro), pelos próprios negros e por toda a gente que não pertença à negritude.
Quando a cultura portuguesa (e/ou europeia) diferencia as obras de arte utilizando um critério de valorização do mérito, essa diferenciação é apodada de “racismo” pelos ideólogos da afirmação do privilégio da negritude (como é o caso de Inocência da Mata).
“O mundo moderno não distingue as questões de opinião, por um lado, das questões de princípio, por outro lado; e acaba por tratar ambas como questões de gosto.”
→ G. K. Chesterton ('New Witness', 22-08-1919)
Quando a Cultura se baseia em princípios, que são destinados a afirmar criticamente os valores da arte, os defensores do Privilégio da Negritude questionam a legitimidade desses princípios e reduzem a crítica cultural a uma questão de “gosto”.
E quando o “gosto” não coincide com o preconizado pelos legionários do Privilégio da Negritude, então segue-se que a ilação retirada é a de que se trata de “racismo”. Há dois tipos de “gostos”: o “gosto racista”, e/ou o “gosto” que se coaduna com a afirmação do Privilégio da Negritude. Não há terceiro excluído.
Todos os conceitos exarados no trecho — “desprezo pela literatura africana”, “visão eurocêntrica da cultura”, “descolonização dos manuais escolares”, “erro dos Descobrimentos”, “reparação histórica [de Portugal]” — decorrem de um preconceito ideológico subjacente ao Privilégio da Negritude, chegando-se ao ponto de se considerar como um “erro” a aventura dos Descobrimentos, mesmo sabendo-se que, sem os Descobrimentos, não existiria actualmente a “literatura africana” que é uma das condições da afirmação do Privilégio da Negritude.
Por exemplo, Luís de Camões escreveu os Lusíadas em dez Cantos, compostos por Estâncias (num total de 1102), que, por sua vez, são formadas por Oitavas com versos decassilábicos.
Porém, nunca ninguém, no seu juízo pleno, se lembrou de dizer que Camões escreveu sob “uma visão heleno-cêntrica da cultura”. Camões limitou-se a adoptar determinados princípios que regem a arte poética, princípios esses aplicados no Renascimento e provenientes da cultura da antiga Grécia.
Se Inocência da Mata vivesse no tempo de Camões, diria que os Lusíadas seriam um caso de “colonização grega da cultura portuguesa”.
A “descolonização dos manuais escolares” significa “doutrinação das crianças portuguesas” na ideologia do Privilégio da Negritude — ou seja, a recusa e negação do mérito na área da crítica literária, em nome da afirmação da veemência discursiva como única forma de expressão da Verdade. Como escreveu Theodore Dalrymple: “Num mundo em que impera o princípio da auto-expressão, a veemência no discurso é o único critério da Verdade”.
Inocência da Mata pretende afirmar a superioridade ontológica do Negro através do Privilégio da Negritude, independentemente de qualquer critério racional que justifique essa superioridade. Trata-se de uma espécie de “nazismo invertido”.
Trata-se da pior forma de racismo, porque é dissimulada, altamente destrutiva e decorre de uma auto-vitimização que condena a Europa a uma pena perpétua ajuizada apenas por uma parte mais controversa da História.
E, através desta “pena perpétua” lançada nomeadamente sobre o povo português, o Privilégio da Negritude vai-se afirmando paulatinamente na cultura vitimista e pusilânime das actuais “elites” políticas portuguesas.
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