“Acredito que o mundo moderno é uma empresa de desnaturação do homem e da criação. Acredito na desigualdade entre os homens, na maldade de certas formas de liberdade, na hipocrisia da fraternidade. Acredito na força e na generosidade. Acredito em hierarquias que não sejam a do dinheiro. Acredito que o mundo está podre pelas suas ideologias. Acredito que governar é preservar a nossa independência e, depois, deixarmo-nos viver como quisermos.”
→ Maurice Bardèche, neofascista
O fascismo está tão profundamente mergulhado na modernidade quanto o está o comunismo marxista, ou o liberalismo. Um neofascista, como Maurice Bardèche, é uma espécie de Mariana Mortágua virada do avesso (mas o tecido é o mesmo).
As hierarquias do fascismo (de Mussolini) foram fortemente marcadas pelo dinheiro, nomeadamente pelos latifundiários italianos que fomentaram decisivamente a ideologia e o regime. Afirmar que, no fascismo, as hierarquias não foram “as do dinheiro”, é uma falácia.
O mundo moderno, ocidental e ocidentalizado, não nega a existência de desigualdades: apenas segue o Direito Natural, medieval e cristão, que atribuía uma igualdade ontológica (à nascença) a todos os seres humanos em uma determinada sociedade com uma cultura antropológica comum. Por isso é que o Direito Positivo, desprovido da influência do Direito Natural (os “princípios metajurídicos” do Direito), é uma aberração. O fascismo afasta-se do Direito Natural medieval, no sentido em que nega (implícita- ou explicitamente) o princípio da igualdade ontológica.
A par com o comunismo, não há movimento mais conspurcado pela merda modernista do que o fascismo — incluindo o nazismo nietzscheano, que é uma corruptela socialista do fascismo original italiano.
Afirmar que o fascismo não é produto de uma ideologia, como escreveu Maurice Bardèche, é afirmar o absurdo, é negar a própria essência do fascismo. É como se alguém dissesse: “Eu não sou eu”.
Uma coisa é a crítica salutar à modernidade (incluindo a crítica ao modernismo “progressista” católico); outra coisa, diferente, é afirmar que “o fascismo é contra a modernidade”. Não é. O fascismo é a favor de uma outra forma de modernidade, que não deixa por isso de ser moderna.
O fascismo é uma vergôntea do romantismo de Rousseau.
O homem tribal primitivo transformava objectos em sujeitos; o homem moderno transforma sujeitos em objectos — com especial ênfase para os sistemas comunista e fascista que se especializaram na arte de coisificar a pessoa.
Salazar era demasiado inteligente (e cristão) para se sujeitar a ser fascista.
