“José Manuel Pureza, 66 anos, professor universitário, coimbrinha e católico assumido, prepara-se para suceder a Mariana Mortágua na liderança do partido.”
O Grande Acusador utiliza os mais sofisticados disfarces e tramas para nos enganar. Ao contrário do que aconteceu com o arcanjo católico e bíblico, os arcanjos marxistas impedem o Homem de escapar dos seus paraísos.
Pureza é um marxista; por definição e pelo princípio lógico da não-contradição, não pode ser católico — a não ser que o Pureza tenha repudiado o marxismo, o que não faz sentido porque se candidata a líder do Bloco de Esquerda: um líder do Bloco de Esquerda que não seja marxista é uma contradição com pernas.
O Grande Acusador triunfa completamente quando não deixa nem rasto nem impressão digital.
Pureza será o líder do Bloco de Esquerda mais perigoso desde a fundação daquele partido, porque é um lobo com pele de cordeiro: naturalmente que ele pode enganar muita gente, mas não deveria enganar o clero católico que (supostamente) tem formação teológica.
Porém, se o objectivo da actual Igreja Católica é simplesmente organizar um paraíso terrestre, os padres católicos não fazem falta: para esse desiderato, basta o diabo e os seus acólitos puritanos e/ou bloquistas.
O Pureza não resistiria a cinco minutos de debate comigo acerca da relação entre o marxismo e o catolicismo; mas tentará certamente aldrabar o povo. Parafraseando Augusto Santos Silva: “o Pureza quererá ser um Chico-esperto, mas fará figura de Aldrabilhas”.