sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Acordo Ortográfico: “unificar sem alterar variantes”

 

No dia em que se discutia, no parlamento português (um órgão de soberania), uma petição pública para a revogação do Acordo Ortográfico, o cidadão brasileiro Gilvan Müller de Oliveira escreveu uma carta aos deputados portugueses, tentando influenciar uma decisão que pertence a um órgão de soberania de um país que não é o Brasil.

“Na carta motivada pela discussão da petição, agendada para hoje, na Assembleia da República, Gilvan Müller de Oliveira sustenta que as novas regras permitem unificar a escrita de todos os que escrevem em português “sem contudo alterar as variantes” que “caracterizam individual e colectivamente” os países que falam português.”

1/ Alguém me há-de explicar como é possível “unificar uma língua escrita sem alterar as variantes”. Caros leitores: reparem bem neste conceito:

UNIFICAR SEM ALTERAR VARIANTES

Agradeço que me expliquem como se pode unificar qualquer coisa sem alterar as variantes dessa coisa. Obrigado.

2/ Portugal é o único país do mundo que sujeita a sua língua e a sua cultura a acordos internacionais. Isto tem que acabar: se não for a bem, vai ter que ser à paulada.

3/ O Brasil não é confiável: é um país com “fome e sede” de um império, mas sem condições culturais e civilizacionais para construir esse império. E para conseguir esse império sem cultura e sem civilização, o Brasil é capaz de tudo, incluindo a adopção do Tupi ou do Esperanto como língua oficial, se necessário for. 

1 comentário:

  1. Essa carta é uma mancha no currículo de qualquer académico que se preze: está cheia de desinformação, não se actualiza, generaliza, mistifica. Grande parte do que escreve está previamente desmentida pelos factos e na própria Petição, anexos e pareceres adjuntos. Só Deputados distraídos (que os há aos pontapés) se deixam levar por tais patranhas.
    Dois exemplos:
    a. Os Professores brasileiros Ernani Pimentel e Pasquale Cipro Neto vieram de facto a Lisboa como representantes de um Grupo de Trabalho do Senado.
    b. Confunde uma carta aberta ao Ministro da Educação, de 6 de Janeiro, que continha um quadro de lemas, tendo sido sobre isto que o ILTEC se pronunciou. Não sobre a Petição. Esta resulta daquela, com muitas e aturadas revisões. O novo quadro de lemas (anexo à Petição) demonstra alguns disparates dos argumentos do ILTEC e que existem discrepâncias e violações ao AO90.

    Além de a carta ser uma ingerência indevida na comunicação entre o Parlamento e os cidadãos. É a estes que aquele deve prestar contas, e não a Institutos Internacionais ou lá o que é…

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