quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A razão, mesmo vencida, não deixa de ser razão

“Mas uma coisa é homenagear Eusébio, outra essa histeria colectiva patrocinada pelos órgãos de comunicação social, que durante vários dias reduz o mundo todo a uma espécie de comoção nacional generalizada, dramatizada até aos limites, envolvendo tudo e todos num happening de dor encenada, porque a real passa-se sempre fora dos ecrãs. Há algo de pouco sadio em todos estes excessos, algo do mal português que facilmente se identifica como a consciência envergonhada da fraqueza transformada em vanglória. Há uma mistura de nacionalismo, de vontade que os outros nos respeitem, apesar de não nos respeitarem, uma vontade de ser alguma coisa no mundo, que efectivamente não somos, e que nunca seremos se nos ficarmos apenas pelas “glórias” do futebol, seja Eusébio, seja Cristiano Ronaldo. 

Houve quem propusesse que Eusébio fosse enterrado no Panteão, ao lado das glórias da pátria. Da maneira que as coisas estão, é-me bastante indiferente. Mas com este tipo de critérios, nascido da histeria destes dias e da nossa confusão colectiva, a prazo iremos ter o Panteão só com jogadores de futebol, e isso sim é um retrato do país muito preocupante, mas se calhar realista.”

EUSÉBIO E A ILUSÃO DOS NOSSOS EXCESSOS

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