sábado, 11 de janeiro de 2014

Eugénio Lisboa e George Bernard Shaw

 

Depois do tempo dos maus médicos António Guterres e José Sócrates, chegou o tempo do cangalheiro Passos Coelho.

O blogue Rerum Natura transcreve aqui um texto de Eugénio Lisboa no qual este faz uma série de transcrições de frases de pensadores e autores acerca do “vil metal”. Eu complementaria esse rol de sentenças comedidas citadas por Eugénio Lisboa com uma letra de uma canção de Neil Diamond: “O dinheiro fala, mas não canta, não dança nem anda” — também existem, na contemporaneidade da pós-literacia, algumas sentenças que podem fazer uma síntese de uma determinada realidade.

Surpreendeu-me que na lista dos autores citados por Eugénio Lisboa esteja Bernard Shaw que, como se sabe, foi um eugenista e socialista que criticou o cristianismo. Aliás, o socialismo e o eugenismo estão histórica e intimamente ligados. Não é porque alguém foi um escritor ou literato que deve ser citado: fazendo uma analogia (mas não uma comparação!), não me passaria pela cabeça citar o “Mein Kampf” de Hitler de uma forma apologética.

G. K. Chesterton escreveu, referindo-se às ideias do eugenista Bernard Shaw:

“Pensemos em todas as épocas em que o homem teve a coragem de morrer, e depois lembrem-se que hoje se fala em coragem de viver.”

“Nenhum filósofo céptico pode fazer quaisquer perguntas que não possam igualmente ser feitas por uma criança cansada em uma noite quente de Verão.”

Eugénio Lisboa pode ter alguma razão naquilo que escreve, embora pelas piores razões. Como dizia Nicolás Gómez Dávila, “a esquerda acertou no diagnóstico mas errou na receita”; e quando erramos na receita, o doente morre pela (tentativa de) cura.

E por isso é que chegamos à situação que Eugénio Lisboa critica com tanta veemência: a receita que ele defende, ainda hoje, revelou-se errada e estamos moribundos devido à terapêutica e à posologia políticas adoptadas.
Ou, como diria alguém: “pusémo-nos a jeito” com as políticas socialistas, e houve depois quem se aproveitasse da nossa “posição”. Depois do tempo dos maus médicos António Guterres e José Sócrates, chegou o tempo do cangalheiro Passos Coelho.

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