sábado, 18 de janeiro de 2014

José Ribeiro e Castro em relação ao Partido Social Democrata: “Tu Quoque”

 

José Ribeiro e Castro escreveu dois verbetes explicando a posição do CDS/PP que se absteve na votação no parlamento cerca da realização de um referendo sobre a co-adopção de crianças por pares de invertidos. 1 

Não tenho nenhuma razão para duvidar da veracidade dos factos descritos por José Ribeiro e Castro, por uma questão de boa-fé. Sem boa-fé não é possível discutir seja o que for. Aliás, é sabido que a bancada do Partido Social Democrata se dividiu em Maio de 2013, e parece evidente que a disciplina de voto de ontem foi uma espécie de “salvar da face” do Partido Social Democrata.

Ao contrário da ideia que prevalece nesta classe política, eu penso que a liberdade de voto do deputado deve ser dada sempre e de forma incondicional em matérias como a gestão da economia e da política administrativa, por exemplo, mas nunca em matéria de ética.

Aceito que um deputado do CDS/PP vote contra uma medida do governo de Passos Coelho em matéria de política económica, por exemplo, mas não aceito que existam deputados do CDS/PP que coloquem em causa, através do voto ou de uma declaração de voto, a matriz ideológica e ética do partido — porque é a ética, qualquer que esta seja, que orienta a matriz ideológica de um qualquer partido político. Os deputados do CDS/PP têm que ler Edgar Morin (por exemplo; ou Karl Popper).

Por exemplo, o Partido Comunista tem uma determinada ética. Podemos discuti-la, tentar saber se os valores dessa ética do Partido Comunista são racionais, universais, intemporais e facilmente identificáveis nas suas características principais. Mas há uma coisa que é certa: os princípios éticos (negativos ou não, não está agora aqui em causa) próprios do Partido Comunista ditam a priori qualquer votação dos deputados desse partido.

A economia — grosso modo e de forma que toda a gente entenda — é a técnica de gerir a diferença entre o que entra num bolso e sai do outro. Tudo o resto, e o mais importante, é a cultura que define a política. E o que está a montante da cultura, de qualquer cultura, é a ética e os seus valores, qualquer que esta seja.

E perante um imperativo ético que marca uma matriz ideológica de um determinado partido (neste caso, o CDS/PP), os eventuais e putativos maquiavelismos e deslealdades políticos da bancada do Partido Social Democrata, neste processo da adopção de crianças por pares sodomitas — embora esse maquiavelismo devesse ter sido denunciado, depois da votação de apoio ao referendo, pelo líder da bancada do CDS/PP — não deveria ter sido razão para que o CDS/PP não tivesse tornado uma posição pública clara e insofismável numa questão axiológica desta importância, e que supostamente faz parte da matriz ética do CDS/PP.

Nota
1. “Co-adopção” é um sofisma para se estabelecer, mais adiante e através de uma política gramsciana de “pequenos passos”, a adopção plena, as "barriga de aluguer" e o tráfico de seres humanos, a procriação medicamente assistida indiscriminada, etc..

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