sábado, 11 de janeiro de 2014

Quando o semitismo é anti-semita

 

A Igreja Católica portuguesa comprou, em 2006 e na cidade do Porto, uma casa para fazer um lar de idosos. Essa iniciativa da Igreja Católica é liderada pelo Padre Agostinho Jardim (na imagem). Porém, quando se faziam obras de recuperação dessa casa velha, descobriu-se que ela tinha sido uma antiga sinagoga — padre-agostinho-jardimnão sei se uma sinagoga do século XVI, o que é improvável, se mais recente. O que é um facto é que a velha casa comprada em 2006 pela Igreja Católica, para ser utilizada como um lar de idosos, tinha sido uma antiga sinagoga.

Perante isto, o Padre Agostinho Jardim contactou a comunidade judaica da cidade do Porto no sentido de se construir, nessa velha casa/sinagoga, um Centro Interpretativo da Memória Judaica no Porto (sic), mas foi insultado pelo rabino da cidade do Porto, nestes termos:

“Advertimos que iríamos considerar a sua execução como uma agressão ao judaísmo e que iria criar grande descontentamento no mundo judaico. Dada a trágica história do judaísmo em Portugal, para nós um museu do judaísmo em Portugal seria uma espécie de Museu do Holocausto”.

O rabino Daniel Litvak considera ainda “malévolo e maquiavélico que um padre representante da Igreja Católica, que foi responsável pela tragédia da judiaria portuguesa e de uma das épocas mais obscuras da História de Portugal, dirija semelhante projecto”.

“E afigura-se-nos sumamente cínico e provocador que o dito padre diga que o projecto não seria apenas uma questão histórica, mas que serviria para ajudar a fortalecer os laços inter-religiosos. É muito estranho que o padre se pronuncie publicamente desta maneira quando lhe explicamos anteriormente, e ele pareceu compreender e aceitar a nossa mensagem, que o museu só iria exacerbar as sensibilidades nas relações com o judaísmo local e internacional”, criticou.

Na sua opinião, este acto seria visto “como uma continuação dos actos inquisitoriais que foram acompanhados pelo roubo de propriedade judaica, dentro da qual estão muitas sinagogas que foram transformadas em igrejas”.

Perante isto, o Padre Agostinho Jardim propôs à comunidade judaica portuguesa que comprassem a dita casa à Igreja Católica, no sentido de serem eles próprios, os judeus portugueses, a construírem o tal Centro Interpretativo da Memória Judaica no Porto. O rabino do Porto, Daniel Litvak, não aceitou a proposta de venda da casa, e o rabino da comunidade de Belmonte, Elisha Salas, declarou que recebeu uma proposta de venda da dita velha casa/sinagoga, vinda da parte do Padre Agostinho Jardim, no sentido de ser a comunidade judaica de Belmonte a construir o tal Centro Interpretativo da Memória Judaica no Porto. E ao que Elisha Salas declarou:

"Na altura não tínhamos dinheiro, mas sempre apoiámos o projecto."

Ou seja, o rabino do Porto, Daniel Litvak, não quis, logo de início, abraçar o projecto do Padre Agostinho Jardim. Perante uma proposta de venda da casa vinda da parte da Igreja Católica, o rabino do Porto recusou a proposta (e o rabino de Belmonte disse que não tinha dinheiro). Ou seja, o que o rabino do Porto pretende é que não se faça nada: nem ele faz, nem quer que ninguém faça.

E, além do mais, existe aqui um elemento ad Hominem: se a pessoa em causa não fosse um Padre católico, talvez o rabino do Porto aceitasse a construção do tal Centro Interpretativo da Memória Judaica no Porto; ou talvez se, em vez de um Padre católico, fosse um membro do HAMAS ou da Al Qaeda, talvez o rabino do Porto aprovasse essa figura que liderasse o projecto.

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