sábado, 22 de fevereiro de 2014

A cultura do mercado cria as necessidades do mercado da cultura

 

O mercado da cultura responde às necessidades criadas pela cultura do mercado.

swiss clinic

Por exemplo, quando se lança um modelo novo de automóvel, a cultura do mercado cria uma nova necessidade que será mais ou menos bem aceite pelo mercado da cultura. Para que o novo produto tenha sucesso no mercado é necessária uma estratégia de marketing, ou seja, uma estratégia de promoção cultural que demonstre a necessidade do novo produto.

oriella webNaturalmente que o novo modelo de automóvel deve substituir um automóvel antigo, criando novos hábitos de condução, por exemplo, ou novos elementos de conforto do habitat do carro, que irão fazer a diferenciação cultural entre o velho e o novo — hábitos estes que se transformam também em necessidades. A ligação cultural ao automóvel antigo terá que ser eliminada e substituída por uma nova ligação cultural: tal como acontece com o mercado das mulheres, há sempre um modelo novo (de automóvel). A lógica do mercado é sempre ad Novitatem.

Com o surgimento da necessidade obsessiva do novo, a sociedade transforma-se. Ainda há pouco tempo se dava valor a um modelo cultural que hoje o mercado se encarrega de tornar obsoleto. Naturalmente que a cultura do mercado diz que “só compra o carro novo quem quer”, mas o mercado da cultura diz simultaneamente que “as coisas valem aquilo que dão por elas”. O que interessa é promover o novo produto como sendo mais valioso do que o antigo, introduzindo na sociedade uma dissonância cognitiva acerca do “valor das coisas” (incluindo o valor do ser humano).

A partir do momento em que a cultura do mercado considera o ser humano como uma “coisa” a que se atribui um valor de mercado, o mercado da cultura cria clínicas de eutanásia para responder às necessidades da procura do mercado. É a lógica de mercado em pleno funcionamento.

O mercado da cultura funciona segundo a lógica do conceito de “Universo” dotado de uma mão invisível, segundo Richard Dawkins:

“O universo que observamos tem precisamente as características com as quais se conta quando, por trás dele, não existe nenhum plano, nenhuma intenção, nenhum bem ou mal, nada, além da cega e impiedosa indiferença.”

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