sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

¿És sionista? Então és intelectualmente desonesto! (e eu ponho-me em bicos-de-pés)

 

Um indivíduo como eu reduz-se à sua insignificância. Escrevo umas “coisas” aqui e não pretendo mais nada do que isso.

Reduzirmo-nos à nossa insignificância deve ser motivo de orgulho, porque até a nossa insignificância tem um significado e um valor muito importante: reconhecer as nossas limitações é sinal de alguma inteligência e sageza.

Por exemplo, seria absurdo que eu criticasse o Roger Scruton de forma a que ele transparecesse como um idiota através das minhas críticas — porque é impossível que qualquer discurso, mesmo o de Scruton, esteja isento de contradições.

Mesmo as teorias científicas mais elaboradas — por exemplo, baseadas no formalismo da lógica matemática — não estão isentas de contradições; não é possível compreender completamente uma qualquer teoria científica já formulada!, porque isso significaria que se conhecem todas as suas conclusões lógicas, o que seria uma tarefa interminável porque nunca se pode excluir o surgimento de situações nas quais a teoria pode falhar (total ou parcialmente) por causa de uma contradição interna.

Mas, repare o caro leitor: uma teoria científica paradigmática (isto é, que seja cientificamente válida e que tenha resistido a uma bateria de refutações) é apoiada pela comunidade científica que pode ser composta por milhares de cientistas — e não apenas por um só homem!

Portanto, chegamos à conclusão do seguinte: um teoria científica, por mais bem fundamentada que seja, não pode estar isenta de contradições — o que não significa que essa teoria científica não seja válida.

Baseado neste princípio, seria absurdo que eu criticasse uma contradição que surgisse, ao correr da pena, do discurso de Roger Scruton (por exemplo). Não é uma contradição no discurso de um homem que deita por terra todo o seu (dele) pensamento, assim como não é uma contradição que surja (chamam-se às contradições existentes em uma teoria científica de “anomalias”) que invalida completamente uma teoria científica. Quem encontra uma contradição qualquer no discurso de Roger Scruton e, por isso, coloca em causa o valor do seu (dele) pensamento, ou é burro ou está de má-fé. Se é burro, o caso está encerrado; se está de má-fé, então não pode criticar a “honestidade intelectual” de Scruton (por exemplo).

andasPior ainda é quando alguém critica o pensamento de alguém baseando-se e fundamentando-se em palavras-mestras: por exemplo, comunista, sionista, capitalista, etc.. As palavras-mestras devem ser meios através dos quais se exprime um pensamento — mas não devem ser fins, consideradas em si mesmas. É um absurdo que alguém critique as ideias de Fulano porque ele é, alegadamente, sionista, ou comunista, ou capitalista, etc.. Devemos criticar as ideias de alguém pelo seu conteúdo, e os rótulos ideológicos (as palavras-mestras) decorrem dessa análise, ou seja, são consequências e não as causas da análise.

Dizer, por exemplo, que Olavo de Carvalho é “sionista” e que, por isso, merece este chorrilho de insultos, só pode vir de uma mente que não tem consciência da necessidade de se reduzir à sua insignificância.

O ápodo de “sionista”, aplicado a Olavo de Carvalho, é, nesse caso, a condição da crítica a todo o pensamento de Olavo de Carvalho. Ou seja, “o Olavo de Carvalho é desonesto” porque, alegadamente, “é sionista” — mesmo que a luminária em causa não seja capaz de definir “sionismo”, porque apenas existe um conceito alargado de “sionismo” e não uma noção.

Basta que alguém defenda a ideia de que o povo israelita — independentemente dos diferentes credos religiosos que co-existem em Israel — tenha direito a um território, para que os idiotas deitem mão da palavra-mestra “sionista” como arma de arremesso político, uma palavra que pretende resumir tudo mas que não significa nada. Nem sequer sabem definir “sionismo” (assim como os gayzistas não sabem definir “homofobia”), mas como não conseguem reduzir-se ao valor intrínseco da sua insignificância, colocam-se de chancas altas para ver se o complexo de inferioridade se transforma em um sentimento de superioridade.

Um pouco de humildade, precisas-se!

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