quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Estou bastante dividido entre dois tipos de ladroagem

 

Um tal Jorge Bateira, que por sinal é um ladrão de bicicletas, lançou uma diatribe à bovinotécnica Helena Matos. Estou dividido, nesta polémica. Por um lado, concordo com a seguinte proposição do salteador de velocípedes:

“Porém, tenho de lhe lembrar que foi o baixo crescimento da economia portuguesa desde que aderimos ao euro, agravado pela actual política de austeridade, que produziu um nível de desemprego que tornará insustentável a segurança social. Apesar de não ter lugar no seu discurso, afinal é a moeda única, com tudo o que implica, que está a comprometer o futuro dos nossos jovens. Não são os seus pais e avós, nem o nosso modesto Estado social.”

Só não vê quem não quer ver:

PIB e defice no Euro

Mas, por outro lado, o ladrão de veículos de duas rodas escreve o seguinte:

“Depois, o que diz sobre o Estado, a demografia e a segurança social é pura ideologia. A Helena Matos diz que o Estado tomou conta das pessoas e as desresponsabilizou. Pois eu digo-lhe que um Estado social forte, administrado em função do interesse público, é um Estado que garante a provisão de serviços sociais de qualidade e protege os cidadãos de diversos riscos sociais. Liberta-os da insegurança económica, do receio de não terem recursos para enfrentar esses riscos.”

¿O que é “interesse público”? Alguém, por favor, que me defina “interesse público”, para que saibamos exactamente do que estamos a falar. E ¿desde quando é defensável que a “função do Estado” seja a de tratar os cidadãos como se de mentecaptos se tratassem?

Nem o ladrão de bicicletas, nem a bovinotécnica Helena Matos, têm razão — porque partem da mesma base de raciocínio: a economia. Quando a realidade social é reduzida à economia, deixamos de saber quem é ladrão e quem não é.

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