segunda-feira, 16 de junho de 2014

As boas feministas e as feministas boas

 

Por aquilo que eu tenho lido, a Helena Matos parece ser uma feminista no bom sentido — porque há “boas feministas”, “feministas boas”, as “feministas camafeu”, e as “outras que nem uma coisa nem outra”.

Uma “boa feminista” até pode ser boa (ou não); mas não é por ser boa ou menos boa que é feminista; em contraponto, há feministas que deixam de ser boas com o avançar da idade: são as “feministas boas”. Mas as “boas feministas” não têm idade: são o paradigma da mulher cujo coração não envelhece. E depois há as “feministas camafeu”, que são aquelas que estavam ausentes quando Deus criou as “feministas boas”.

Depois, a Helena Matos parece ser uma mulher que foge ao juízo universal da mulher actual que sofre daquilo a que a ex-atleta australiana Lucy Curry chama de “síndroma da mulher frenética”, que caracteriza as “feministas boas”, as “feministas camafeu” e as “outras que nem uma coisa nem outra” (e que são sempre desculpadas pelos me®dia e pelo politicamente correcto). A “boa feminista” não luta apenas contra o “machismo”: também combate o “mulismo” do síndroma da mulher frenética — porque ela sabe que o mulismo e o machismo são duas faces da mesma moeda.

Ela compara-se com o homem: não para ser igual a ele, mas antes para que as características do feminino tenham (na cultura antropológica) um valor idêntico às características do masculino. Dando um exemplo: o número 10 assume um valor idêntico nas somas de 7+3 e de 4+6. As parcelas das duas somas não são iguais, mas o resultado final é igual em ambas.

É assim que a “boa feminista” pensa: “somos diferentes dos homens, mas, do ponto de vista ontológico, somos idênticas aos homens” — atenção!, porque “ser idêntica” ao homem não é a mesma coisa que “ser igual” ao homem: “ser idêntica” é também “ser única” (sob percepções diferentes e/ou sob nomes diferentes): por exemplo, o vitríolo é idêntico ao ácido sulfúrico concentrado; mas não é porque o vitríolo não seja exactamente igual ao ácido sulfúrico natural que deixa de ter o seu valor intrínseco enquanto vitríolo.

Portanto, há uma identidade feminina (em termos de juízo universal) que não é igual à do homem, mas que é idêntica no seguinte sentido: no ser humano, a “identidade” (A=A) pressupõe um valor ontológico e axiomático (ver “Primeiros Princípios”, de Aristóteles) que não admite qualquer manipulação ideológica em favor da sua simples redução à “igualdade”.

Não é por que as pessoas não sejam todas iguais (embora sejam idênticas, em valor absoluto) que deixam de ter um valor idêntico: o grande problema da Esquerda — e do politicamente correcto de esquerda e de “direita” — é o de que identifica necessariamentediferença”, por um lado, com “hierarquia”, por outro lado. E é esta uma das razões por que a Esquerda é retrógrada.

E é por isto tudo que a Helena Matos tem legitimidade para escrever isto:

“Fomos conhecer o nosso pénis de aluguer. O pénis de aluguer está feliz porque assim poderá criar as suas outras crianças e proporcionar-lhes tudo aquilo a que elas têm direito. Levámo-la a conhecer o país e a cultura dos seus testículos de substituição.”

Os pénis de aluguer e os testículos de substituição

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.